Carla Araújo

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Reportagem

Ex-assessor defende ordens de Moraes e nega à PF ter negociado mensagens

O ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes, do STF, Eduardo Tagliaferro negou hoje em depoimento à Polícia Federal que tenha negociado ou vazado as mensagens de seu celular, que vieram a público em uma série de reportagens do jornal Folha de S.Paulo.

Em um depoimento de cerca de duas horas, Tagliaferro disse que entregou o aparelho na delegacia de Caieiras (Grande SP), onde foi detido em 9 de maio do ano passado, e que recebeu o aparelho seis dias depois "corrompido", com problemas com a bateria, por exemplo, e diferente do que era quando foi apreendido.

Tagliaferro chefiava a AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação), do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), quando Moraes presidia o órgão, e deixou o cargo após ser preso por violência doméstica. Ele foi exonerado do cargo no TSE no mesmo dia.

Dias depois, um amigo entregou à Polícia Civil de São Paulo o aparelho telefônico do perito. O amigo e a esposa de Tagliaferro também prestaram depoimento hoje.

Segundo apurou a coluna, o ex-assessor de Moraes afirmou que "nunca foi procurado ou procurou ninguém para negociar o material em troca de dinheiro". Ele disse que quebrou e jogou fora o aparelho, já que ele estaria com problemas.

Seguidor de ordens

No depoimento, Tagliaferro confirmou o teor das mensagens relevadas pelo jornal e fez uma defesa da atuação de Moraes.

À PF, o ex-assessor afirmou acreditar que seus superiores estavam certos e por conta disso "fez tudo o que sempre lhe foi solicitado".

Tagliferro foi intimado pela PF na quarta-feira (21), junto com sua esposa e seu amigo Celso Luiz de Oliveira, para depor sobre os vazamentos de mensagens do WhatsApp. O inquérito foi aberto a pedido de Moraes, após o teor das mensagens de Tagliaferro vir à tona.

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A Folha revelou em uma série de reportagens o uso informal da estrutura do TSE para abastecer investigações no STF. Nelas, diálogos entre Tagliaferro e o juiz Airton Vieira, que atua com auxiliar do gabinete de Moraes no STF, mostram o magistrado pedindo, via WhatsApp, a produção de relatórios sobre postagens de pessoas que estavam sob investigação no inquérito das fake news, sob a relatoria de Moraes no Supremo.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferentemente do informado em uma versão anterior deste texto, o boletim de ocorrência registrado na delegacia de Franco da Rocha registrou que Celso Luiz de Oliveira seria seu cunhado, mas na verdade ele é apenas amigo. A informação foi corrigida.

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