Ala radical do PL tem que amadurecer e precisamos do centro, diz Valdemar
Presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto aguarda o fechamento das urnas no domingo com expectativa e apreensão. A sigla disputa 23 das 52 prefeituras que serão resolvidas em 27 de outubro, e o cacique atribui o resultado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Estamos em nove capitais [no segundo turno]. Tudo isso nós devemos a Bolsonaro. Se não fosse Bolsonaro, esquece", disse, em conversa com o UOL.
Apesar de não poder manter contato com o ex-presidente por conta da uma ordem do ministro Alexandre de Moraes, o presidente do PL diz que conversa com Bolsonaro por meio do senador Rogério Marinho.
Valdemar diz que um dos desafios na legenda, após as eleições municipais, será o de tentar minimizar os descontentamentos internos, já que ala mais radical do partido — composta por muitos políticos 'da nova geração da direita' — não quer alianças com o chamado "centrão".
'Eu era um reacionário, um bobo'
Valdemar afirma que "era um reacionário de direita" quando chegou a Câmara, em 1991, mesmo ano que Jair Bolsonaro, mas que aprendeu com tempo. E que é preciso amadurecer na política.
Eu era um reacionário de direita, um bobo. Imagina quando eu vi o Aldo Rebelo, então. Depois, eu aprendi. Comecei a ver as coisas, que não era assim como eu pensava. E acabei votando no Aldo para presidente da Câmara. E foi um grande presidente. Grande cara. Aí eu aprendi. Fui aprendendo devagar essas coisas.
Tem que amadurecer. Por exemplo, eu tenho dificuldade em defender o pessoal do centro que nós queremos trazer para a direita. Mas, eu quero trazer do centro que defenda as pautas da direita. Tem gente assim até no PSB.
Valdemar Costa Neto, presidente do PL em entrevista ao UOL
Aliança do passado com Lula incomoda
Valdemar afirma que tem que responder aos novatos do partido sobre alianças que eles não entendem, como a que o próprio Valdemar fez com o presidente Lula em seu primeiro mandato.
Esse pessoal novo não pegou esse período, eles não entendem isso. Uma vez disseram: 'Não compreendo, o senhor já fez aliança com o Lula?' Eu falei: 'Sim. O vice-presidente do Lula era o Zé Alencar, que era de direita. Naquela época, você era um neném e não acompanhou'.
Valdemar faz elogios ao deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), diz que ele "venera Bolsonaro", e fala de forma mais genérica que a tropa jovem, liderada por Nikolas, precisa entender mais os meandros da política.
Reportagem do UOL mostrou que a eleição de 2024 mostra a força dos conservadores da geração Z. Eles são tão versados nos versículos da Bíblia quanto nos algoritmos do TikTok e do Instagram.
Bolsonaro também resiste a algumas alianças
Valdemar admite que também é difícil convencer Bolsonaro da necessidade de alianças mais pragmáticas.
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Quero receberEstá difícil. É muito diferente. Ele não quer gente do centro. Eu disputei eleição a vida toda, eu queria voto de todo mundo, nunca desprezei nada. Ele quer quem defenda as pautas da direita, senão ele não quer o cara.
Por exemplo: devemos ter um crescimento agora no Senado, talvez a gente volte a ser a maior bancada dentro de dois, três meses. Seis meses atrás já começamos a trabalhar nisso. Sabe quantos senadores ele vetou? Um seis [senadores]. Ele diz 'Ah, vota com o PT'. Eu desisti de trazer gente. Agora, nós temos uns mais firmes, que ele topa.
Temos que trazer o pessoal que defenda a pauta da direita, senão não ganhamos eleição, não tem voto. Ele tem 40%, mas não tem 50%. Temos que trazer esse pessoal para o nosso lado.
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