Carla Araújo

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Reportagem

Comissão de Ética da Presidência renova mandato de advogado amigo de Lula

Manoel Caetano foi reeleito presidente da Comissão de Ética da Presidência da República. O advogado ficará por mais um ano à frente do grupo, que apura a conduta de membros do Executivo.

Caetano tem uma história longa com Lula e é uma das poucas pessoas que têm acesso direto ao presidente. Ele compôs a equipe de defesa do petista, junto ao hoje ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Cristiano Zanin, durante a prisão em Curitiba, onde mora, e visitava o presidente quase diariamente nessa época.

Pessoas ligadas ao Planalto dizem que ele tem mais acesso do que muitos ministros. Uma das marcas do terceiro mandato de Lula é a fidelidade a pessoas do período do processo da Operação Lava Jato, e Caetano é tido como uma dessas pessoas de confiança.

Ligada à Presidência, a CEP impõe sanções a agentes públicos que, na avaliação do colegiado, não seguiram as diretrizes da ética pública. Entre as punições, estão previstos suspensão e desligamento de servidores, dependendo de cada caso.

Presidente desde 2023, o advogado foi reeleito por decisão unânime do colegiado na última segunda (21), com o conselheiro Bruno Espiñeira como vice.

"Continuaremos trabalhando para que a administração pública federal seja pautada nos mais elevados padrões éticos, de acordo com os valores insculpidos no Código de Conduta da Alta Administração Federal", disse Manoel Caetano à coluna.

Questionado sobre sua relação de amizade com o presidente Lula, o advogado preferiu não comentar.

Caso Conab

Um dos mais recentes casos decididos pelo Conselho de Ética foi com relação a um ex-diretor da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), demitido após um escândalo envolvendo um leilão de importação de arroz do governo federal.

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Thiago José dos Santos foi autorizado, por unanimidade, pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República a atuar justamente com leilões de cereais e compras governamentais.

O colegiado analisou a oferta de emprego feita para Santos, ex-chefe de Operações e Abastecimento da estatal, e entendeu que ele pode atuar na Rovaris Armazéns Gerais Ltda., desde que cumpra as seguintes condicionantes:

  • Se abster de atuar como intermediário de interesses privados junto à Conab até o prazo de seis meses de sua saída da estatal, o que aconteceu em junho deste ano;
  • Não atuar no âmbito de contratos, processos e licitações dos quais tenha participado enquanto diretor da Conab;
  • Não divulgar nem repassar para terceiros, direta ou indiretamente, informações sigilosas a que teve acesso enquanto foi diretor da Conab.

Hoje, o colegiado reiterou que ele não pode negociar com o governo e diz que essas condicionantes são suficientes para proteger o interesse público. O presidente do colegiado, Manoel Caetano Ferreira Filho, acrescentou que o não cumprimento das cláusulas pode resultar em processo de apuração ética.

A vaga oferecida ao ex-diretor prevê atuar com compras governamentais. Não foi detalhada como será a fiscalização para garantir que o ex-diretor não desrespeite as limitações impostas.

O leilão foi suspenso após suspeita de irregularidades, como três das quatro empresas que venceram o leilão não serem do ramo de arroz e de importação de grãos.

Reportagem

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