Carla Araújo

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Reportagem

Rui Costa cria barreiras em reunião, e PEC da Segurança deve 'travar'

Lula conseguiu receber o governador Tarcísio de Freitas ontem no Palácio do Planalto em um clima amistoso e institucional.

A tensão maior na sala de audiências foi criada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Fontes que estavam no local relataram à coluna que o "primeiro-ministro" do governo sinalizou que vai barrar a iniciativa oferecida pela pasta comandada por Ricardo Lewandovski.

O ministro da Justiça estava orgulhoso em entregar ao presidente um plano para organizar a segurança pública do país. Alguns diziam que era a primeira vez em um ano e onze meses que o presidente Lula dedicava suas energias na pauta da segurança. A reunião com os governadores durou 4 horas e 20 minutos.

Mestre de cerimônias do evento, Rui não cortou nenhuma fala, mesmo de governadores da oposição. O ministro, que é bastante criticado por um jeito rude com colegas da Esplanada, optou por deixar o evento fluir. Todo ponto apresentado como uma possível barreira recebia um aceno positivo seu.

Com isso, a avaliação é que deu espaço "para o show do Caiado", que ganhou protagonismo nas eleições ao desbancar candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro e se fortalecer como candidato da direita em 2026.

Segundo uma fonte, a maior demonstração de Rui de que vai tentar engavetar o projeto de Lewandovski foi a sugestão de "criar um GT". "Quando não se quer resolver um problema, é só criar um grupo de trabalho", admitiu uma fonte do governo. Outra fonte relatou comentários de que era melhor "esperar sentado" que a PEC chegue ao Congresso.

Quem defende a atuação de Rui diz que o ministro quer honrar o compromisso de "dar a palavra aos governadores" e que o governo "aguardará as contribuições". "Temas complexos são assim mesmo."

E a autoridade climática?

Recentemente, Rui também engavetou o projeto da Autoridade Climática, de iniciativa da ministra Marina Silva, que supostamente tinha sido autorizada pelo presidente Lula.

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A iniciativa de Marina foi entregue ao Planalto no dia 1º de outubro, mas segue parado na Casa Civil. O projeto foi entregue diretamente à pasta de Rui Costa pelo Ministério do Meio Ambiente — que buscava uma resposta rápida à sociedade após as queimadas que atingiram todo o país.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem feito de tudo para aprender a conviver com o "jeito peculiar" do chefe da Casa Civil.

Reclamações à parte, o presidente Lula, que é o chefe da equipe é que precisa decidir, neste caso, se quer deixar alguma marca ou legado na área de segurança pública.

Na reunião, Lula disse que cada governador tem "seus problemas e suas soluções", mas que é preciso criar um pacto comum. "O que a gente está notando, efetivamente, é que o crime organizado está crescendo, as organizações nas cadeias estão crescendo."

Logo, logo, o crime organizado vai estar participando de concurso, vai estar indicando juiz, vai estar indicando procurador, vai estar indicando político, vai estar indicando candidato. Essa é uma coisa quase que incontrolável se a gente não montar um pacto federativo que envolva todos os Poderes da federação, todos os Poderes que estão envolvidos direta e indiretamente nisso.Lula, a governadores

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