Festa fechada, passeios: como hotéis de PE e BA driblam 2º ano sem carnaval

O ano de 2022 terá, pela segunda vez, ruas e avenidas sem blocos nos dois estados-pólo da folia no Nordeste. Pernambuco e Bahia cancelaram mais uma vez as festas e até o ponto facultativo para evitar aglomerações. A decisão impactou a cadeia do turismo, que precisou se remodelar para conseguir atrair turistas na época do ano em que, antes da pandemia, era de altíssima temporada.

Uma das estratégias dos hotéis e agentes de turismo foi realizar a folia dentro de suas unidades e incentivar que turistas usem a data para conhecer as belezas naturais e históricas de Recife, Olinda e Salvador, especialmente.

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"Nos resorts haverá festas com o limite de 1500 pessoas, conforme o decreto estadual", conta Luciano Lopes, presidente da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) na Bahia.

Segundo ele, sem o tradicional carnaval que sempre lotava a rede, os hotéis registram boa ocupação para a data graças ao avanço da vacinação —o que ainda não era realidade em 2021.

Na Bahia e seus respectivos destinos, como estamos no verão, trabalhamos bastante o turismo de lazer. Nosso slogan tem foco principal para que os hóspedes venham aproveitar o turismo de sol e praia, cultura, gastronomia, religiosidade, além dos destinos voltados para o lazer na natureza, como a Chapada Diamantina.
Luciano Lopes, ABIH-BA

Em Pernambuco, a situação é parecida. As orquestras de frevo que animavam as ruas de Recife e Olinda vão comandar festas privadas dentro de hotéis e resorts.

"Não vai ser um carnaval de muita gente. Nos hotéis, haverá diversão para quem gosta de carnaval e para quem quer descansar. Nós, agentes de viagens, buscamos atender a todos os clientes, dando informações necessárias para que o turista aproveitar ao máximo da sua estadia", conta Marcelo Waked, presidente Abav-PE (Associação Brasileira de Agências de Viagens em Pernambuco)

Ele conta que após o anúncio do cancelamento do Carnaval, caiu em até 20% a venda de pacotes pelas agências. "Mas estamos tentando reverter isso com condições diferenciadas", explica.

Sem a folia, Pernambuco recorreu às belezas naturais e históricas. Com foco em incentivar viagens dos próprios pernambucanos pelo estado, o governo do estado lançou o programa 'Bora Pernambucar'.

Como se diz, o 'boca a boca' leva a difundir os nossos potenciais turísticos do nosso estado e também da nossa região
Marcelo Waked, Abav-PE

Para o presidente da ABIH-PE, Eduardo Cavalcanti, o cancelamento das festividades era esperado, mas o setor ainda contava com a manutenção do feriado.

"O que foi mais lamentável foi cancelar o feriado. Isso trouxe um prejuízo muito grande pelo fato de que 90% das pessoas que vão para o litoral sul, para o agreste, vão para fugir do Carnaval. Sem feriado, eles não vão", diz, citando que Olinda, Bezerros e Recife que recebiam, em regra, turistas para festividade.

O não feriado afeta a programação do funcionário público e do comerciante que vai abrir as lojas e tinha feito reserva. Foi péssimo. Houve cancelamento maior que o ano passado, que foi de 20%. Esse ano foi de 30%. Tivemos que buscar outras alternativas
Eduardo Cavalcanti, ABIH-PE

Para não ficarem ainda mais no prejuízo, ele conta que os hotéis adotaram estratégias individualizadas. "Teve hotel diminuindo o pacote de quatro para três, dias dias, dividindo o preço em mais meses e alguns —principalmente no Recife— chegaram a baixar o preço", explica.