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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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Após dois anos, cidades do NE anunciam megafestas de São João

Pátio de Eventos, em Caruaru, lotado em 2019  - Jorge Farias/Divulgação
Pátio de Eventos, em Caruaru, lotado em 2019 Imagem: Jorge Farias/Divulgação

Colunista do UOL

06/04/2022 04h00

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Rivais na disputa do título de maior e melhor festa de São João do país, Caruaru (PE) e Campina Grande (PB) anunciaram seus megaeventos para junho —nos últimos dois anos, as festas foram canceladas por causa da pandemia de covid-19.

Este ano, porém, os dois municípios apostam que os indicadores da doença seguirão em baixa (apesar de ser algo incerto) e já anunciaram datas e programação dos festejos. Ambos avançam na contratação de empresa para realizar montagem.

  • Em Campina Grande, a edição 2022 vai acontecer de 10 de junho até 10 de julho, com duração de 31 dias.
  • Já Caruaru terá 26 dias de festa, de 4 a 29 de junho.

Em 2019, cada uma das cidades recebeu a visita de 3 milhões de pessoas no mês de junho. Nas noites principais, os shows de São João chegam a reunir 100 mil pessoas nos palcos principais.

Tanto Caruaru quanto Campina Grande não registraram caso e morte por covid-19 na segunda-feira (4).

Festa de São João em Campina Grande em 2019 - Divulgação - Divulgação
Festa de São João em Campina Grande em 2019
Imagem: Divulgação

Campina já contratou empresa

Em Campina Grande, a ordem de serviço para que uma empresa execute a montagem da estrutura e organização do São João foi assinada no dia 21 de março. A expectativa da prefeitura é que o evento movimente em torno de R$ 400 milhões.

A companhia aérea Azul vai disponibilizar voos diretos de Campinas (SP) para Campina Grande.

Segundo nota da administração municipal, a festa "permanecerá com o mesmo layout das edições anteriores, mantendo-se a área de eventos na parte superior do Parque do Povo, enquanto a cidade cenográfica permanecerá no piso inferior".

Sobre os protocolos da covid-19, a prefeitura informou que "vai ouvir a Defesa Civil, o Ministério Público e o Corpo de Bombeiros para fazer uma montagem conforme as exigências dos órgãos de saúde, para evitar uma possível alta nos casos de covid-19".

Visita de autoridades ao Parque do Povo, no último dia 23  - Divulgação - Divulgação
Visita de autoridades ao Parque do Povo, no último dia 23
Imagem: Divulgação

No São João de 2019, segundo a prefeitura, 1,8 milhão de pessoas passaram pelo Parque do Povo. No total, a cidade recebeu 3 milhões de visitas aos equipamentos turísticos. O evento movimentou R$ 300 milhões.

Caruaru terá 24 polos

Em Caruaru, a festa contará com 24 polos. A expectativa é que sejam movimentados cerca de R$ 250 milhões no mês.

Na programação do Pátio de Eventos, nomes como Elba Ramalho, Cláudia Leitte, Alok e Alceu Valença estão confirmados. A programação já foi divulgada —veja aqui.

Na última festa, em 2019, 3,2 milhões de pessoas passaram por Caruaru, e com uma movimentação financeira de R$ 200 milhões.

Questionada sobre a precaução sanitária por conta da pandemia, a prefeitura informou à coluna que ainda está realizando as reuniões estratégicas do São João.

Festa junina em Caruaru em 2018 - Divulgação - Divulgação
Festa junina em Caruaru em 2018
Imagem: Divulgação

Ainda é cedo, diz especialista

Após uma grande preocupação com a chegada da variante ômicron do coronavírus, no fim do ano passado, os números de casos e mortes em decorrência da covid no Brasil estão em queda desde fevereiro —o que motivou algumas localidades a flexibilizarem os protocolos de segurança, como a obrigação do uso de máscaras de proteção.

Para a infectologista e professora da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) Vera Magalhães, no entanto, ainda é cedo para se programar eventos de grande porte.

"Estamos em queda, mas por quanto tempo? Devemos esperar pelo menos mais duas semanas para confirmar a tendência. Anunciar agora uma festa em junho é prematuro. Ninguém tem bola de cristal, não sabemos como será o comportamento da [subvariante] BA.2 aqui no Brasil", diz.

Segundo ela, vários países da Europa e Ásia têm vivido momentos difíceis por conta do avanço da covid-19 e não há como saber se o Brasil será isento de um repique da doença.

Não podemos traçar muitos planos para o futuro, a pandemia mostrou que temos de ir avaliando semanalmente, mensalmente para ver como as coisas vão se comportar. Na Inglaterra, por exemplo, com a BA.2, as pessoas estão se infectando e está havendo alta de hospitalizações.
Vera Magalhães, UFPE

Um bom exemplo sobre como as coisas podem mudar é que cidades com tradição em Carnaval chegaram a anunciar festas em 2021, como o Rio de Janeiro, mas depois precisaram voltar atrás por conta da escalada da ômicron no início do ano. O desfile na Sapucaí ficoum excepcionalmente, para abril.

Magalhães afirma ainda que, mesmo sendo evento em lugar aberto, as festas de São João aglomeram milhares de pessoas e não há como eliminar todos os riscos de infecção --ainda que se exija teste ou vacinação.

"Claro que não é como uma aglomeração em lugar fechado, mas não quer dizer que seja segura: ar livre minimiza o risco, mas desde que as pessoas estejam de máscara", afirma.

Um ponto que ela sugere é que, mesmo totalmente vacinadas, pessoas com maior risco de agravamento da covid-19, como os idosos, evitem aglomerações desse porte.

"As pessoas mais vulneráveis, ou mesmo aqueles que convivem com elas, não deveriam comparecer a essas festas. Não se pode garantir a não-transmissão em local desses", finaliza.