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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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PL investe mais em chapa em PE distante de 2º turno do que em Bolsonaro

Anderson Ferreira: 11% de intenções de voto e R$ 11 milhões destinados a sua vice  - Divulgação
Anderson Ferreira: 11% de intenções de voto e R$ 11 milhões destinados a sua vice Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

01/10/2022 04h00

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O Diretório Nacional do PL destinou mais recursos do fundo eleitoral para a campanha de Izabel Urquiza, candidata a vice-governadora em Pernambuco, do que para a campanha do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo dados da prestação de contas do partido no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até ontem, o partido de Bolsonaro destinou R$ 11 milhões para a campanha estadual ao governo de Pernambuco contra R$ 10 milhões para ele. A verba faz parte do fundo eleitoral, o chamado fundão.

Você pode consultar os valores recebidos e gastos por partidos ou candidatos no TSE.

O dinheiro do PL foi destinado à vice, mas foi computado como recebido e gasto por Anderson Ferreira (PL). A chapa bolsonarista que concorre em Pernambuco aparece numericamente apenas como o quinto colocado na corrida, segundo a mais recente pesquisa do Ipec, e deve ficar fora do segundo turno.

A princípio, não há nenhuma irregularidade em repassar dinheiro à vice, e não ao titular, porque, ao final, as prestações de contas são feitas conjuntamente e os custos são informados em um mesmo documento.

Mas, como os partidos precisam destinar 30% do fundão para candidatas mulheres, essa verba que vai para a campanha de Anderson Ferreira acaba sendo contabilizada como "cota feminina".

    Izolda Urquiza recebeu R$ 11 milhões em sua conta de candidatura do PL nacional - Divulgação - Divulgação
    Izabel Urquiza recebeu R$ 11 milhões vindos do diretório nacional do PL
    Imagem: Divulgação

    Ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes (na região metropolitana do Recife), desde o início da disputa, Anderson tem feito uma campanha ligada a Bolsonaro. Mas nunca conseguiu sair da segunda colocação, dividindo a posição com outros três nomes, numa das mais pulverizadas eleições do país.

    Ipec do dia 27:

    • Marília Arraes (Solidariedade) - 34%
    • Raquel Lyra (PSDB) - 15%
    • Miguel Coelho (União Brasil) e Danilo Cabral (PSB) - 13%
    • Anderson Ferreira (PL) - 11%

    Até a sexta-feira, Anderson havia informado ao TSE ter recebido um total de R$ 11,2 milhões em doações —99,8% desse valor repassado à sua vice pelo PL nacional.

    A chapa informou gastos até aqui de apenas R$ 4,9 milhões (menos da metade do valor recebido), sendo R$ 1,3 milhão para produção dos programas de rádio e TV e R$ 817 mil para impressão de adesivos.

    Segundo o TSE, a prestação de contas final das candidaturas deve ser feita até o 30º dia posterior às eleições. No caso, se ficar fora do segundo turno, isso deve ocorrer até o dia 1º de novembro.

    Bolsonaro é exceção entre candidatos

    Os repasses do PL chamam atenção quando comparados com outros partidos que têm presidenciáveis em 2022.

    O PT, por exemplo, destinou R$ 87,9 milhões para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva até a prestação de contas na sexta-feira. São quatro vezes a mais do que o entregue ao candidato a governo que mais recebeu valores do fundo eleitoral —no caso, Fernando Haddad em São Paulo.

    Haddad e Lula são campeões em receitas dadas pelo PT - Reprodução/Instagram/fernandohaddadoficial - Reprodução/Instagram/fernandohaddadoficial
    Haddad e Lula são campeões em receitas dadas pelo PT
    Imagem: Reprodução/Instagram/fernandohaddadoficial

    O alto valor a presidenciáveis também foi a tônica mesmo para nomes que têm menos intenções de voto, como demonstram as prestações de contas parciais de PDT, MDB e União Brasil.

    Maiores repasses por partido de candidatos que pontuaram na última pesquisa Datafolha (em negrito, estão os nomes em disputa pela Presidência):

    PT:

    1. Lula - R$ 87,9 milhões
    2. Fernando Haddad (SP) - R$ 19,5 milhões

    PL:

    1. Izabel Urquiza (vice de Anderson Ferreira, PE) - R$ 11 milhões
    2. Jair Bolsonaro - R$ 10 milhões

    PDT:

    1. Ciro Gomes - R$ 10 milhões
    2. Ana Paula (vice de Ciro Gomes) - R$ 6 milhões

    MDB:

    1. Simone Tebet - R$ 16,5 milhões
    2. Hana Ghassan Tuma (vice de Helder Barbalho, no PA) - R$ 5,3 milhões

    União Brasil:

    1. Soraya Thronicke - R$ 28,6 milhões
    2. ACM Neto (BA) - R$ 12 milhões

    Também é curioso lembrar que, no último dia 20, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reclamou da falta de dinheiro na campanha do pai à Presidência. Ontem, deputados do PL também reclamaram da falta de verba para suas campanhas. Alguns dizem até que estão fazendo a campanha no vermelho.

    O PL mais do que dobrou de tamanho na janela partidária depois que deputados bolsonaristas decidiram seguir o presidente, que se filiou ao partido comandando por Valdemar Costa Neto em 30 de novembro de 2021.

    Em julho, a primeira-dama Michele Bolsonaro também se filiou ao PL. A filiação ocorreu após dois dos filhos do presidente, o senador Flávio e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, também entrarem na legenda.

    A coluna tentou contato com a assessoria de imprensa do PL para que explicasse os critérios das doações, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.