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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Uma a cada 3 crianças atendidas na atenção básica tem vacina atrasada

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

06/01/2023 04h00

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Entre janeiro e novembro de 2022, 33,1% de bebês e crianças (até 11 anos) atendidos em consultas na atenção básica pelo país estavam sem a vacinação em dia.

Os dados foram retirados pela coluna do relatório de produção do Sisab (Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica), do Ministério da Saúde.

O percentual de 2022 é o maior dos últimos cinco anos, período em que o país viu as taxas de cobertura vacinal do calendário nacional despencarem.

  • 2018 - 29,6%
  • 2019 - 30,2%
  • 2020 - 30,8%
  • 2021 - 25,8%
  • 2022* - 33,1%

* Dados até novembro

A coluna apresentou os dados à SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), que afirma que a hesitação vacinal tem muitos fatores, que vão desde a dificuldade de acesso até a falta de informações dos pais das crianças.

Por mais que a gente fale do risco altíssimo de uma doença como paralisia infantil retornar, os pais de hoje não viram essas doenças; então é pouco provável que consigam enxergar esses riscos. E o Ministério da Saúde não faz uma comunicação adequada há muito tempo. Não adianta marcar campanha, avisar na véspera e não comunicar o porquê dela."
Isabella Ballalai, vice-presidente da SBIm

De referência à queda

O Brasil possui, desde 1973, o PNI (Programa Nacional de Imunizações). O modelo do país se tornou uma referência internacional em vacinação. O SUS aplica hoje de forma gratuita mais de 30 imunizantes para proteger contra diversas doenças:

  • 17 vacinas para crianças
  • 7 para adolescentes
  • 5 para adultos e idosos
  • 3 para gestantes

Mas os bons índices de cobertura vacinal vêm caindo desde 2016, e o país amarga quedas consecutivas.

Os dados de cobertura vacinal em 2022 ainda não foram fechados.

O tema vacinação está entre as 10 emergências que foram traçadas pela transição do governo e foi citado no discurso de posse da ministra da Saúde, Nísia Trindade.

Para 2023, o governo deve ter dificuldade para ampliar a cobertura vacinal, porque o governo Bolsonaro não fez um planejamento para a reserva de compra de imunizantes para ampliar o estoque.

Ou seja, o número de doses para este ano é suficiente apenas para manter os atuais patamares, que não chegam a 75% em nenhum dos principais imunizantes. Para uma cobertura vacinal eficiente, é preciso manter a taxa acima de 90%.