Carlos Madeiro

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Governadores do Nordeste criticam Zema por 'indicar guerra entre regiões'

Os governadores do Nordeste publicaram uma carta hoje criticando a entrevista do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que defendeu uma frente Sul-Sudeste contra os estados do Norte e do Nordeste do país.

A nota é assinada pelo governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), que preside o Consórcio Nordeste e representa os outros oito chefes de executivos estaduais da região.

Indicar uma guerra entre regiões significa não apenas não compreender as desigualdades de um país de proporções continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las, mantendo, com isso, a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades.
Nota do Consórcio Nordeste

A nota de hoje explica que os consórcios Nordeste e da Amazônia Legal foram criados "valendo-se da profunda identidade regional, cultural e histórica."

O que aconteceu

Em entrevista ao Estadão ontem, Zema afirmou que foi criado um consórcio reunindo estados de Sul e Sudeste em oposição ao Norte e ao Nordeste.

Ele diz que os estados devem "lutar" por uma maior igualdade nos repasses e programas do governo federal. A fala gerou fortes críticas de políticos de todo o país, especialmente os de esquerda.

Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso.
Romeu Zema, ao Estadão

Para os governadores do Nordeste, a união dos estados do Sul e Sudeste em um Consórcio "pode representar um avanço na consolidação de um novo arranjo federativo no país."

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Mas ressaltam que ele só vai dar certo se "todos apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades, aposta na sustentabilidade e acredita no seu povo."

Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de "O Brasil que cresce unido". Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual.
Nota do Consórcio Nordeste

Governador João Azevedo, da Paraíba
Governador João Azevedo, da Paraíba Imagem: Governo da PB/Divulgação

O objetivo dos consórcios, diz ainda a nota, é "fortalecer essas regiões, unindo os estados em torno da cooperação e compartilhamento de melhores práticas e soluções de problemas comuns, buscando contribuir com o desenvolvimento sustentável e a mitigação de nossas desigualdades regionais."

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Já passou da hora do Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais.

Por fim, a nota diz que os governadores do Nordeste defendem um "Brasil cada vez mais forte e próspero."

Apelamos pela união nacional em torno da reconstituição de áreas estratégicas para o nosso país, a exemplo da economia, segurança pública, educação, saúde e infraestrutura.

Reunião do Consórcio Nordeste em janeiro
Reunião do Consórcio Nordeste em janeiro Imagem: Divulgação/SEI

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