Carlos Madeiro

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Reportagem

Fuzil atribuído ao CV gera briga entre governo de AL e deputado do PL

A apreensão de um fuzil durante uma operação do Bope em Maceió, no último dia 9, se transformou em uma briga política, que opõe o deputado federal Fábio Costa (PL) e o governo de Alagoas. A arma em questão estava escondida em uma máquina de lavar e era transportada em uma caminhonete.

Segundo a Polícia Civil, o fuzil 5.56 (de uso restrito) veio do Rio de Janeiro e seria usado pelo CV (Comando Vermelho) em ações do crime na periferia de Maceió. Ele teria sido enviado por um líder da facção no estado, o foragido José Emerson da Silva, conhecido como "Nem Catenga".

Segundo as investigações, "Nem Catenga" vive hoje escondido no Complexo do Alemão, no Rio. Com cinco mandados de prisão em aberto, ele é considerado um dos criminosos mais procurados do estado.

A versão da polícia, porém, foi contestada pelo deputado Fábio Costa, que é delegado de carreira. No último dia 10, ele foi às redes sociais e disse que a arma seria de um atirador detentor de certificado de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador), que teve não só o fuzil, mas outras três armas de menor calibre roubados de casa em Maceió. O deputado, porém, não apresentou nenhuma prova disso. O nome do CAC não foi revelado.

O vídeo do deputado bolsonarista teve repercussão negativa entre policiais e irritou a cúpula da segurança pública no estado.

Fuzil apreendido pelo Bope em Maceió no dia 9
Fuzil apreendido pelo Bope em Maceió no dia 9 Imagem: SSP/AL

Governo rebateu deputado

Na quarta-feira, o secretário de Segurança Pública de Alagoas, Flávio Saraiva, publicou nas redes sociais da pasta uma dura resposta que enviou em ofício ao deputado. "Adquirido pelo grupo criminoso, o armamento pesado seria utilizado pela facção criminosa", afirmou.

Para o secretário, o fato de a arma ter sido de um CAC em algum momento "não descaracteriza a verdade dos fatos de que o fuzil fora adquirido pelo traficante para utilização de facção criminosa atuante em Maceió".

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Como se tratou de ação de inteligência, a secretaria diz que os detalhes da investigação serão mantidos em sigilo. Segundo apurou a coluna, a polícia confirma a versão de que a arma era do CV.

O secretário declarou que a informação do extravio das armas chegou à polícia apenas no dia 11, quando o atirador registrou boletim de ocorrência —ou seja, um dia após o deputado postar um vídeo atacando a secretaria. O roubo está sendo investigado.

O fato de o deputado ter gravado um vídeo, em vez de procurar as autoridades para informar sobre o furto, foi citado pelo secretário.

Seria de grande valia que o Excelentíssimo Deputado pudesse espontaneamente procurar a autoridade policial judiciária competente e prestar todas as informações que obteve a fim de se esclarecer como o fuzil, supostamente furtado de atirador, foi parar nas mãos de violenta facção criminosa. Afinal, outros três fuzis podem ainda estar em poder do crime organizado.
Flávio Saraiva

O que disse o deputado

Um dia após a ação do Bope, Fábio Costa afirmou nas redes que recebeu "informações de que o fuzil, na verdade, pertence a um atirador de Maceió". No mesmo vídeo, porém, deixou claro não ter certeza disso.

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Se essa informação for confirmada, nós estaremos diante de um verdadeiro escândalo na segurança pública de Alagoas. Se esse fuzil pertencer realmente a um atirador alagoano, eu só posso concluir que essa história foi inventada para enganar a população com a falsa demonstração de um grande trabalho de inteligência.
Fábio Costa

Na quinta-feira, um dia após o secretário divulgar a resposta, Costa gravou um novo vídeo e voltou a afirmar que a secretaria ainda tenta "enganar com a história fantasiosa de que o fuzil veio do Rio de Janeiro". Ele, novamente, não apresentou nenhuma prova.

Apoiamos o trabalho da polícia, mas não toleramos as mentiras do governo.
Fábio Costa

A operação

Segundo a polícia, a inteligência da polícia identificou que haveria transferência da arma por meio de um veículo frete. Foram estabelecidos bloqueios em pontos estratégicos para inspecionar os veículos.

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Durante as abordagens, ocorridas no bairro do Bom Parto, uma caminhonete S10 que fazia o transporte de eletrodomésticos foi parada e vistoriada pelos agentes, onde estava a arma enrolada em um plástico.

O próximo passo dos criminosos seria o transporte da arma para os bairros da Levada e Brejal, regiões que estão sob a influência de Nem Catenga.

O motorista que fazia o frete contou à polícia que recebeu R$ 120 pelo serviço de uma mulher que o contratou e alegou ser um trabalhador autônomo, que não tinha qualquer envolvimento com a arma e a facção.

Reportagem

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