Guerras, crise e mudança do clima aumentaram fome no mundo em 2023, diz ONU
O número estimado de pessoas que passam fome no planeta voltou a crescer em 2023, indica relatório "Situação da segurança alimentar e nutricional no mundo", divulgado nesta quarta-feira (24) pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).
No ano passado, em torno de 733 milhões estavam enfrentando essa condição de insegurança alimentar grave no planeta, ou uma em cada 11 pessoas no mundo. No caso da África, essa proporção chega a um em cada cinco.
O relatório cita que a fome cresceu impulsionada por um número crescente de conflitos, crises econômicas e eventos climáticos extremos. "Prevê-se que 582 milhões de pessoas serão cronicamente subnutridas no final da década, mais de metade deles na África", relata.
Segundo o relatório, a fome está aumentando na Ásia Ocidental, no Caribe e na maioria das sub-regiões da África. Progressos, porém, têm sido vistos na redução da fome na maioria das sub-regiões da Ásia e na América Latina. Europa, Estados Unidos e Canadá não têm estimativas de fome.
A capacidade de um país de financiar respostas a esses desafios afeta a segurança alimentar. Por isso, a fome tende a ser maior em países com capacidade limitada de acesso ao financiamento, mais sujeito a crises econômicas.
Países com alta exposição a esses desafios enfrentaram uma prevalência de subnutrição de 23,9% em 2023, enquanto aqueles não afetados por esses fatores tiveram uma taxa de 6,9%. Os países com os mais altos níveis de insegurança alimentar e múltiplas formas de desnutrição são os países com menos acesso ao financiamento.
Relatório FAO
Dificuldades em acessar alimentos
Ainda em 2023, a FAO estimou que 28,9% da população global, ou 2,33 bilhões de pessoas, tinham insegurança alimentar em níveis moderado ou grave.
Além disso, o relatório pede para os países concentrarem esforços no acesso das pessoas a alimentos nutritivos. "Estimativas mostram que mais de um terço da população mundial (cerca de 2,8 bilhões de pessoas) não pôde pagar uma dieta saudável em 2022. Nos países pobres, esse percentual chega a 71,5%."
Há a necessidade de acelerar a transformação dos nossos sistemas agroalimentares reforçar a sua resiliência aos principais fatores e abordar as desigualdades para garantir que dietas saudáveis.
Relatório FAO
Segundo o documento, o planeta não está no caminho para alcançar nenhuma das sete metas globais (ODS) de nutrição até 2030.
Os progressos no que diz respeito ao baixo peso ao nascer e ao excesso de peso infantil estão estagnados, e a prevalência da anemia em mulheres entre os 15 e os 49 anos aumentou.
Relatório FAO
Para a FAO, é necessário aumentar os investimentos para acabar com a fome, insegurança alimentar e má nutrição em todo mundo e faz um apelo por mais financiamentos público e privado nas ações de combate à fome.
Esses principais impulsionadores da fome exigem uma ação coordenada em grande escala para reverter sua onda crescente e exigem novos recursos financeiros e o uso mais eficiente dos recursos existentes.
Relatório FAO
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O relatório cita o Brasil ao falar sobre o percentual de investimento em segurança alimentar e nutricional dentro dos gastos com a agricultura.
Cita que o país investe 9% dos seus gastos públicos em agricultura, sendo que 63% deles direcionados a segurança alimentar e nutrição "para fortalecer a resiliência econômica dos mais vulneráveis a adversidades." "É um dado impressionante", diz o estudo, citando o país com maior grau de investimento percentual na área.
Entretanto, cita que uma "proporção significativa da população" no Brasil tem dificuldades de pagar por uma dieta saudável.
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