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Carlos Madeiro

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Reportagem

Pastagem responde por 90% do desmate amazônico e ocupa 'uma MG', diz estudo

Nove em cada 10 hectares desmatados na Amazônia entre 1985 e 2023 abriu lugar para pastagens. Com isso, as áreas de pasto ocupam hoje 14% do bioma, uma área equivalente ao estado de Minas Gerais.

O dado consta no estudo sobre ocupação do solo divulgado nesta quinta-feira (3) da rede MapBiomas, que analisa como a Amazônia sofreu com o avanço de ações do homem nos últimos 39 anos.

Para chegar ao dado, o mapeamento utilizou imagens de satélite e inteligência artificial e analisou a cobertura e uso da terra em todo o bioma.

Segundo os dados, a área de pastagem na Amazônia cresceu 363% nesse período, passando de 12,7 milhões de hectares para 59 milhões de hectares, área equivalente ao estado de Minas Gerais (cada hectare equivale a 10 mil m²). No bioma, 14% são pastagens, segundo maior tipo de uso de solo do bioma.

Cobertura do solo na Amazônia:

  • Formação florestal - 67,8%
  • Pastagem - 14%
  • Floresta alagável - 9,3%
  • Campo alagado - 2,1%
  • Água - 2,8%
  • Agricultura - 1,7%
  • Formação campestre - 1,3%
  • Outros - 1%

Essas pastagens avançaram também sobre áreas úmidas do bioma, que perderam 3,7 milhões de hectares (5,6% do total) entre 1985 e 2023.

Entre 1985 e 2023 a Amazônia perdeu 55,3 milhões de hectares (-14%) de área de vegetação. Desse total, 50,4 milhões eram formação florestal (queda de 336 milhões de hectares para 285,8 milhões).

A quantidade de vegetação nativa removida nos últimos 39 anos é alarmante e a continuidade dessa perda pode levar a região ao 'ponto de não retorno', o 'tipping point'. Nesse estágio, o bioma amazônico perderia sua capacidade de manter funções ecológicas essenciais e de se recuperar de distúrbios como queimadas e exploração madeireira, resultando em uma degradação irreversível da floresta.
Jailson Soares, pesquisador do Imazon e da equipe Amazônia do MapBiomas

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Perda por região e estados

A região que mais recebeu a abertura de pastagens é a região conhecida como Amacro (Acre, Amazonas e Rondônia), onde essa área de pastagem aumentou 11 vezes, com uma expansão de 6,9 milhões de hectares. Essa área concentra 13% dos 14% de perdas líquidas de vegetação nativa da Amazônia.

Além delas, o estudo cita que a área desmatada para agricultura foi cresceu também, e a soja teve a expansão mais significativa na Amazônia ocupando 5,9 milhões de hectares.

A mineração também vem ganhando relevância nos últimos anos, especialmente entre 2017 e 2020, quando passou de 9 mil para 11 mil hectares. Dentro a Amazônia, os estados com menor proporção de vegetação nativa é o Tocantins:

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Imagem: MapBiomas/Reprodução
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O estudo ainda cita os impactos para o bioma da redução da vegetação nativa:

  • Perda de biodiversidade: A Amazônia abriga a maior biodiversidade do planeta, e a redução da vegetação nativa coloca em risco diversas espécies de plantas e animais.
  • Mudanças climáticas: A floresta amazônica desempenha um papel fundamental na regulação do clima global, e o desmatamento contribui para o aumento das emissões de gases de efeito estufa.
  • Degradação dos recursos hídricos: A vegetação nativa é essencial para a manutenção dos recursos hídricos, e a sua redução pode levar à escassez de água e à degradação dos rios e nascentes.

A rede MapBiomas é um trabalho colaborativo que reúne mais de 100 pesquisadores de universidades, ONGs e empresas de tecnologia do Brasil para estudar o uso e cobertura de solo do país. Os dados da rede são públicos e abertos.

Reportagem

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