Carlos Madeiro

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AL: PP de Lira e MDB de Renan levam 90% de prefeituras e se armam para 2026

O MDB, do senador Renan Calheiros, e o PP, do presidente da Câmara Arthur Lira, conquistaram 92 das 102 prefeituras de Alagoas nas eleições de domingo (6), um domínio inédito na mão de dois partidos no estado.

A vitória mostra que o salto ocorreu com o MDB em relação a 2020, quando o partido já era o mais forte do estado: aumentou de 37 para 65 prefeituras. No caso do PP, o número caiu de 28 para 27.

Boa parte dessa alta deve-se à entrada de 11 deputados estaduais ao MDB, entre eles o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Vítor, em março de 2022. Na ocasião, criou-se um bloco para candidatura à Casa —o que arrastou, por tabela, prefeitos aliados para o partido.

Capital fora

JHC e Lira vivem momento de tensão no cenário de aliança local
JHC e Lira vivem momento de tensão no cenário de aliança local Imagem: Divulgação

No caso da capital Maceió, quem venceu foi o prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), que teve Lira como aliado. A tendência é que os dois sejam protagonistas de uma chapa em 2026, com JHC saindo para o governo e Lira, para o Senado.

O confronto entre nomes do MDB e PP ocorreu diretamente em 36 das 102 cidades. Foram aliados em 21, entre elas Arapiraca, segunda maior cidade de Alagoas, onde ocorreu um caso curioso: o prefeito reeleito Luciano Barbosa (MDB), que apesar de estar no partido de Renan, é ligado hoje a Lira e teve como vice Rute Nezinho (PP).

O candidato, por sinal, recebeu do PP o maior montante de recursos do fundo eleitoral para a campanha: foram R$ 2,2 milhões doados, contra R$ 350 mil do MDB.

Barbosa era vice-governador de Renan Filho entre 2015 e 2020, mas renunciou e rompeu com o governo para disputar a Prefeitura de Arapiraca, sendo eleito. Ele chegou a ter uma ação do MDB para anular a convenção que o indicou no município, mas conseguiu reverter e garantiu a posse.

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Luciano Barbosa (MDB), prefeito de Arapiraca ligado a Lira, no partido de Renan
Luciano Barbosa (MDB), prefeito de Arapiraca ligado a Lira, no partido de Renan Imagem: Divulgação

Uma vitória e uma derrota marcantes de Lira

Na Barra de São Miguel, o pai do presidente da Câmara, Benedito de Lira (PP), foi reeleito com 68,12% dos votos válidos, mesmo com problemas de saúde e participando de poucos atos eleitorais. Lá, ele derrotou o seu vice, Floriano Melo (MDB), que rompeu com Benedito e tentou voo solo com apoio de Renan.

Em Junqueiro, o primo do deputado e ex-superintendente da Codevasf em Alagoas Joãozinho Pereira (PP) foi derrotado pelo prefeito Leandro Silva (MDB). Entretanto, Pereira passou quase toda a campanha internado em São Paulo por um problema grave de saúde.

Para o cientista político e professor da Ufal (Univerisdade Federal de ALagoas) Ranulfo Paranhos, a votação de 2024 serve de "experimento para as eleições de 2026".

De um lado você tem um grupo muito bem estabelecido, que é o grupo do MDB, agora com 65 prefeituras, mais uma ampliação das suas prefeituras em seu arco de alianças e o poder da máquina do governo do estado. Do outro lado, um grupo com dois caciques [Arthur Lira e JHC].
Ranulfo Paranhos, cientista político

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Paranhos, no entanto, afirma que a vitória acachapante de JHC sobre um candidato do MDB em Maceió reforça, o que, para ele, "parece ser um projeto independente que encaixa Arthur Lira".

Uma prova disso é que Arthur, apesar de apoiar e se fazer presente nessa aliança com o JHC, não consegue emplacar o vice. A escolha de Rodrigo Cunha como vice é a sinalização mais clara de que esse governo só durará dois anos. Então, ambos os grupos estão se projetando para 2026, porque você tem duas vagas para o Senado e uma disputa para o governo do estado sem reeleição.
Ranulfo Paranhos

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