Viagem de transformador gigante usa 5 carretas, 44 eixos e 352 pneus; veja
O transporte do transformador de 250 toneladas, que tem chamado a atenção pela festa que gerou ao passar por cidades da Paraíba e de Pernambuco, está sendo feito por um conjunto de veículos montado especialmente para o percurso. A viagem de 17 dias exigiu cálculos de peso, distribuição e velocidade nos trechos que percorre.
O equipamento vai rodar, ao todo, cerca de 350 km —do Porto de Suape, no Cabo de Santo Agostinho (PE), a Nova Palmeira (PB)— em trajeto que começou no dia 13 e terminará apenas no domingo, dia 30. Por conta do peso, a velocidade média do veículo é de 7 km/h.
A logística para definir os detalhes envolveu a contratação de uma empresa especializada, além de participação de agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal), para escoltar e controlar as interdições necessárias no trânsito das BRs.
A passagem do transformador tem reunido centenas de pessoas, que marcaram uma série de eventos com direito a música, fogos e até churrasco. Até mesmo a conta oficial do governo federal postou sobre essas festas, dizendo que o brasileiro "é o melhor povo do mundo".
Como é o transporte?
A definição do tamanho do conjunto veio após estudos prévios que foram aprovados pelos órgãos regulamentadores. Ele conta com:
- Uso de até 5 cavalos mecânicos (que são as partes da frente das carretas)
- 2 linhas com 22 eixos cada uma (44 eixos ao todo)
- 352 pneus
- 113 metros de comprimento
A quantidade de pneus é necessária para distribuir o peso da carga e da viga, como também para não causar danos nas rodovias por onde passa.
"Essa viga possui a funcionalidade de suportar o peso do transformador e distribuir nas duas linhas de eixo e tem um nome específico em inglês: de girder bridge", diz Herbet Sousa, gerente de projetos da CET Brazil, empresa que contratou a transportadora.
Estruturas desse porte são dimensionadas não só para suportar grandes cargas, mas também para distribuir o peso no maior número de eixos possível para diminuir esforços.
Herbet Sousa
Às 15h34 desta quarta-feira, o transformador chegou a Soledade (PB), último trecho feito em BRs. Agora, ele seguirá pela PB-177, onde terá escolta do Batalhão de Polícia de Trânsito.
A partir de agora, diz Herbert, como não há presença de grandes pontes ou viadutos, será possível trocar o conjunto transportador por um menor.
"Faremos a troca desmontando a viga e acomodando o transformador diretamente em apenas uma linha de eixo. Embora o peso por eixo aumente, o comprimento total vai reduzir, permitindo a execução de curvas mais acentuadas presentes neste trecho até o acesso à subestação", diz.
Na Paraíba, o transporte contou, em média, com 10 policiais e quatro viaturas por dia, segundo informou a PRF no estado.
Essa missão exige um planejamento minucioso e a atuação impecável dos nossos policiais rodoviários federais para garantir a segurança da carga, dos usuários das vias e de toda a comunidade. Cada curva, cada trecho, é fruto de um estudo detalhado para mitigar riscos e assegurar o fluxo, dentro do possível, nas rodovias.
PRF-PB, em comunicado público
Sobre o transformador
O transformador que está sendo levado é importante para o projeto, pois é ele quem vai elevar o nível de tensão da energia elétrica dos aerogeradores, ajustando-a assim aos valores compatíveis com os do sistema de transmissão de energia (500 mil volts).
A partir de sua chegada, a CTG Brasil (responsável pelo complexo) diz que serão necessários cerca de 30 dias de trabalhos de montagem, comissionamento e testes, e a previsão é que ele deva estar com energia na primeira quinzena de maio. Após isso, será feita uma conexão dos aerogeradores ao SIN.
Sobre o complexo
Com um investimento —anunciado em janeiro de 2023— de R$ 3,7 bilhões (ou R$ 4,2 bilhões em valores corrigidos pelo IPCA), o complexo eólico Serra da Palmeira deve começar a operar, ainda de forma parcial, a partir de junho.
Quando pronto, o parque será um dos maiores do país, tanto em número de torres, como de capacidade. Veja os números:
- 23 parques eólicos
- 108 aerogeradores (63 já instalados)
- Área 811 hectares em 5 municípios (Pedra Lavrada, Nova Palmeira, São Vicente do Seridó, Baraúna e Picuí)
- 648 megawatts de potência máxima, capaz de abastecer até 1,7 milhão de habitantes
Reportagem
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