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Advogadas lutam contra preconceito para comandar OAB nos estados
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"Historicamente, só tem homens comandando a OAB", reclama a advogada criminalista Dora Cavalcanti, pré-candidata a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo. As eleições da entidade nos estados estão marcadas para novembro, mas a pré-campanha mostra a mobilização das mulheres para tentar mudar o controle masculino sobre a OAB ao longo das décadas.
Em 90 anos de existência da OAB nacional, nenhuma mulher foi presidente da entidade. Nas 27 unidades da federação, foram eleitas apenas oito mulheres para comandar as seccionais na história da entidade. Nas eleições passadas, nenhuma advogada foi eleita. "Na OAB, as pessoas que dão as diretrizes são todas homens", analisa Dora Cavalcanti.
Neste ano, são 13 pré-candidatas em oito unidades da federação até agora. A expectativa é que, até novembro, outros estados se mobilizem. Uma das mulheres que resolveram comprar a briga é Valentina Jungmann, advogada da área cível em Goiás. Em oito décadas de OAB no estado, ela será a primeira candidata à presidência.
"É comum a gente ouvir dos homens: 'É melhor você aceitar outro cargo do que concorrer à presidência'. Essa é uma alternativa que não existe mais agora", diz Valentina Jungmann. "Não adianta esperar um padrinho para a gente se candidatar, tem que colocar o bloco na rua", conclui.
Uma norma interna aprovada pela OAB nacional em dezembro passado deve garantir maior representatividade feminina. Pela regra, toda chapa da ordem precisa ter 50% de mulheres. O problema é que, historicamente, às mulheres é dada a vice-presidência ou diretorias. Existem hoje 18 advogadas vice-presidentes de seccionais estaduais da OAB. É raro uma mulher se candidatar à presidência.
"Para as mulheres, é mais difícil ter uma atividade profissional e ainda ter tempo para investir numa campanha. As mulheres estão eternamente sobrecarregadas em setores variados: trabalham o mesmo número de horas que os homens, além de cuidar dos filhos e da vida doméstica. Na hora de crescer profissionalmente e liderar equipes, o número de mulheres ainda é reduzido", lamenta Dora Cavalcanti.
Mesmo sendo uma referência nacional em Direito Criminal, Dora Cavalcanti conta que sofre preconceito de gênero - no exercício da profissão e na disputa pela presidência da OAB-SP. Ela diz que ouviu de muitos homens que seria melhor se candidatar a vice-presidente para, no futuro, tentar disputar a presidência.
"Se o argumento para eu não ser cabeça de chapa é porque eu nunca fui liderança, isso não vai mudar nunca. É um argumento retórico para justificar a manutenção do status quo", protesta Dora Cavalcanti. "Eu acredito que, na campanha, todos eles vão me bater sem pensar em gênero. Eu não tenho dúvida que eles não vão me poupar", diz Valentina Jungmann.
O presidente da OAB nacional, Felipe Santa Cruz, já entendeu o recado das mulheres e tem dado mais voz a elas. Nesta quarta-feira (12), vai fazer uma live com a empresária Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza e do Grupo Mulheres do Brasil, para falar sobre a participação feminina na sociedade.
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