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Ataques a ministros do STF antecipam tom de campanha de Bolsonaro
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Entre ficar quieto e atacar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), Jair Bolsonaro costuma escolher a segunda opção. Ele bem que fez um hiato nas críticas depois do Sete de Setembro, quando chegou a insuflar a militância a desobedecer o Judiciário. Depois de algum silêncio, Bolsonaro voltou à tona em dezembro. Em 2022, ele conseguiu se segurar por apenas 12 dias.
Nos ataques de hoje, o presidente caprichou. Acusou Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes de cassar liberdades democráticas com o objetivo de beneficiar a candidatura de seu principal adversário político, Luiz Inácio Lula da Silva. Barroso é o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até fevereiro, quando será substituído por Edson Fachin. A partir de agosto, Moraes ocupará o cargo.
Impossível dissociar a fala de Bolsonaro das eleições que se avizinham. Horas antes das declarações do presidente, pesquisa da Quaest mostrou Lula com 45% das intenções de voto no primeiro turno e na liderança de todos os cenários do segundo.
Bolsonaro luta para reaver parte da popularidade perdida ao longo do caminho. Percebeu que só atacar Lula e Sergio Moro não será suficiente para se dar bem nas urnas. Na visão dele, é necessário retomar as críticas ao sistema eleitoral e aos ministros que comandarão o pleito. A militância mais fiel se identifica com o discurso.
Se em anos anteriores o Judiciário era coadjuvante nos discursos de candidatos, neste ano o tema deve ser alçado ao protagonismo. Bolsonaro já percebeu a importância de falar do STF - seja para atacar, seja nas promessas de povoar a Corte com seus indicados.
Contabilizar as cadeiras do Supremo não era um grande atrativo das campanhas. Desde 2018, quando Bolsonaro prometeu uma vaga para Sergio Moro, as nomeações para a Corte ganharam força política. Ter o controle do tribunal se tornou uma bandeira para Bolsonaro. A ideia promete ganhar cada vez mais espaço nos discursos em ano eleitoral.
A retomada dos ataques aos ministros do STF logo em janeiro mostra o tom da campanha de reeleição do presidente. Mas também revela que ele não está nada satisfeito com o avanço de investigações caras para o governo - como a dos atos antidemocráticos e a das fake news. Ambos os casos são conduzidos por Alexandre de Moraes.
Bolsonaro já percebeu que hastear a bandeira branca não fará o ministro diminuir o ritmo dos inquéritos. Logo, ao analisar o custo-malefício de atacar o STF, Bolsonaro fica com a opção kamikaze de comprar a briga com o dono da bola. Com as pesquisas eleitorais caminhando rumo ao PT, não há mais nada a perder.
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