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Carolina Brígido

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rosa Weber promete serenidade no comando do STF em 'tempos tumultuados'

Colunista do UOL

10/08/2022 16h15

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No primeiro discurso depois de eleita presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Rosa Weber prometeu "serenidade" para enfrentar "tempos tumultuados". Lembrou que é juíza de carreira. E que o STF é uma instituição acima dos ministros. A fala durou poucos minutos, mas veio repleta de mensagens.

A primeira delas é a forma de falar. A voz firme, pausada e serena mostra que Rosa Weber não quer gritar nem perder o controle da situação. Quer manter a imparcialidade esperada dos juízes. Dez em cada dez interlocutores de Rosa Weber dizem que ela é discreta. É com essa discrição e serenidade que ela pretende enfrentar o tumulto pré-eleitoral no país.

Rosa Weber assumirá o comando da Corte em setembro, às vésperas das eleições. O cenário é de polarização não apenas entre os candidatos a presidente; mas também de polarização institucional, com destaque para a relação estremecida entre a cúpula do Judiciário e o presidente Jair Bolsonaro.

Ao dizer que "a instituição Supremo Tribunal Federal sobrepaira" qualquer ministro, Rosa Weber mostra que quer unificar a Corte. A mensagem é que pouco importa o que cada ministro pensa individualmente. A prioridade é fortalecer o STF como instituição capaz de responder em uníssono aos ataques externos.

Rosa Weber aproveitou para explicar que foi eleita pela tradição do STF de escolher o ministro mais antigo que ainda não ocupou o cargo. Ou seja, ela ressalta que não foi escolhida por suas características particulares, mas pela norma interna do Supremo. Logo, seus atos não podem ser mais importantes que as decisões do tribunal.

Ainda assim, ela disse estar "absolutamente sensibilizada" pelo voto de confiança dos colegas. Afirmou também que conta com o apoio de todos para exercer o cargo. A gestão atual de Luiz Fux enfrenta críticas internas. A principal é que Fux demorou para se posicionar em defesa do tribunal diante dos ataques de Bolsonaro.

A ministra concluiu o discurso atestando compromisso na defesa da Constituição Federal e da democracia. Ao mencionar ambas logo no primeiro discurso como presidente eleita do STF, Rosa Weber dá uma pista de que está preocupada com as ameaças ao regime. E que, apesar de ser reconhecida pela doçura no trato pessoal, a ministra não vai tolerar ataques à democracia durante o período eleitoral.