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Carolina Brígido

REPORTAGEM

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Ministros do STF não compram versão mansa de Bolsonaro no Sete de Setembro

Jair Bolsonaro durante protesto contra o STF em 1º de maio - Reprodução/UOL
Jair Bolsonaro durante protesto contra o STF em 1º de maio Imagem: Reprodução/UOL

Colunista do UOL

06/09/2022 14h45Atualizada em 06/09/2022 16h06

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O próprio Jair Bolsonaro não prometeu baixar o tom no Sete de Setembro, embora aliados do presidente o aconselhem a ser menos agressivo no feriado de amanhã em relação ao ano passado, quando xingou o ministro Alexandre de Moraes de canalha. A ala política de Bolsonaro pode até contar com essa mudança de comportamento - mas, no STF (Supremo Tribunal Federal), ninguém compra essa versão.

Nos bastidores da Corte, os ministros gostariam que Bolsonaro estivesse mais tranquilo no Sete de Setembro. Entretanto, sabem que não é da natureza do presidente. Prova disso é que hoje mesmo, em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro atacou seus alvos preferidos do Judiciário: Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.

"O Alexandre de Moraes, quantas vezes conversamos e, alguns dias depois, ele volta ao que era antes. Fui na posse, ele fez um discurso pesado e continua tomando medidas. Esses inquéritos é consenso, são completamente irregulares, inconstitucionais. Nenhuma lei foi respeitada nesses inquéritos", disse Bolsonaro, referindo-se aos inquéritos das fake news e das milícias digitais, que tramitam no STF.

"Um governo que tá dando certo, não tem corrupção no meu governo. Um país que é exemplo de economia no mundo. Querem me tirar daqui para colocar um ladrão confirmado? Condenado em três instâncias e, por unanimidade e por capricho de Fachin, passa a ser elegível", declarou o presidente, referindo-se à anulação das condenações criminais impostas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Esse clima de animosidade poderia ter sido resolvido há muito tempo, se o ministro Barroso não fosse para dentro da Câmara dos Deputados interferir diretamente em uma Proposta de Emenda à Constituição que estava sendo votada e falava do voto impresso", disse o presidente, que voltou a atacar a credibilidade do sistema eleitoral.

Bolsonaro começou os ataques ao Judiciário no sábado, quando chamou Moraes de "vagabundo" ao comentar a decisão que mirou empresários bolsonaristas que defenderam golpe de Estado caso Lula saísse vitorioso nas eleições de outubro.

No feriado de amanhã, militantes anunciam ir às ruas para apoiá-lo. A menos de um mês da eleição, Bolsonaro ainda não alavancou a candidatura. As pesquisas registram mais de dez pontos percentuais de distância entre ele e Lula, o primeiro colocado. No último Sete de Setembro do mandato, o mais provável é que Bolsonaro aproveite a presença das Forças Armadas para discursar no tom que o elegeu em 2018.

Surpresa vai ser se o presidente adotar um tom mais suave amanhã.