Barroso costura aprovação de paridade de gênero em cargos de tribunais
![Luís Roberto Barroso, presidente do CNJ e do STF Luís Roberto Barroso, presidente do CNJ e do STF](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/ef/2023/09/28/c-cerimonia-de-posse-do-ministro-luis-roberto-barroso-como-presidente-do-stf-1695930584304_v2_900x506.jpg)
O presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), ministro Luís Roberto Barroso, pautou para amanhã (12) a votação de uma norma que prevê a paridade de gênero no preenchimento de cargos estratégicos da administração de tribunais de todo o país.
Em setembro, já no fim da gestão da ministra Rosa Weber, o conselho aprovou a alternância entre homens e mulheres para a ocupação de vagas de juízes de tribunais de segunda instância. Agora, a ideia é estender a ação afirmativa para cargos em comissão, postos estratégicos da administração do Judiciário e juízes convocados por tribunais.
Para a relatora da proposta, conselheira Salise Sanchotene, a resolução contribui para diminuir a desigualdade de gênero no Judiciário. "As mulheres não estão sempre disponíveis para congregações masculinas, em que eles combinam entre si novas possibilidades de trabalho. Muitas vezes, as tarefas domésticas e a maternidade colocam as mulheres em condição desigual no mercado", disse à coluna.
"Quando uma juíza é convocada, a atuação dela ganha mais visibilidade. Essa proposta traz paridade para dentro do tribunal, colocando servidoras e magistradas em condição mais equilibrada em relação aos homens", completou a conselheira.
Em setembro, a proposta inicial —mais restrita— sofreu resistência por parte da magistratura antes mesmo de ser votada. O Consepre (Conselho de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil) pediu para o CNJ retirar o tema da pauta. Defendeu que os Tribunais de Justiça fossem ouvidos antes de ser tomada qualquer decisão.
Na época, o Consepre alegou, em nota, que a mudança não poderia ser feita por meio de resolução do CNJ, porque a Constituição Federal e a Lei Orgânica da Magistratura Nacional não mencionavam o gênero, e sim a antiguidade e o merecimento, como critérios para a promoção de juízes na carreira.
Mesmo com a resistência da magistratura, o CNJ aprovou a regra e, agora, costura a ampliação dela. Na semana passada, durante o Encontro Nacional do Poder Judiciário, Barroso aproveitou para conversar sobre o assunto com presidentes de Tribunais de Justiça, de TRFs (Tribunais Regionais Federais) e de TRTs (Tribunais Regionais do Trabalho).
O ministro cobrou dos desembargadores o cumprimento da regra aprovada em setembro e questionou sobre a disponibilidade de ser implementada a ampliação da paridade de gênero, caso o CNJ aprovasse a nova proposta.
Diante de novas resistências da magistratura, a proposta sofreu algumas alterações. Foi incluída uma regra de transição. Ou seja: homens que hoje ocupam cargos de confiança não precisariam deixar os postos. À medida que os cargos ficarem vagos, com a aposentadoria ou o deslocamento do ocupante para outras áreas, mulheres seriam nomeadas em substituição a eles, até que se chegasse a um número equilibrado entre os gêneros em determinado setor.
Depois da mudança, com o cenário mais favorável à aprovação da proposta, Barroso pautou a votação no plenário do CNJ para esta terça-feira (12).
Deixe seu comentário