OAB contesta multa de Alexandre de Moraes a advogado de Daniel Silveira
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Beto Simonetti, informou à coluna que vai contestar a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de multar em R$ 2 mil o advogado Paulo César Rodrigues de Faria, que defende o ex-deputado Daniel Silveira. Segundo Moraes, o profissional repetiu em recursos pedidos já negados anteriormente.
"Desde 2023, está em vigor a Lei 14.752, que define a exclusividade da OAB na punição de eventuais faltas disciplinares de advogados, assim como só o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) podem punir magistrados e membros do Ministério Público", disse Simonetti.
Moraes assinou na última terça-feira (2) a decisão de multar o advogado Paulo César Rodrigues de Faria. O ministro considerou "a reiterada conduta do advogado do réu, relacionada à repetição de argumentos já afastados em relação ao período a ser considerado para fins de detração penal, em razão da litigância de má-fé, cujo cabimento é pacificamente admitido pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal".
O pedido era para o ex-deputado sair do regime fechado e ir para o semiaberto. Silveira cumpre pena de oito anos e nove meses de prisão desde maio de 2023. Ele foi condenado por ter publicado vídeo em 2021 com xingamentos, ameaças e acusações a ministros do STF.
O presidente da OAB aproveitou para reclamar que o STF não tem permitido sustentações orais de advogados no julgamento de agravos. Na mesma terça-feira, na sessão da Primeira Turma do Supremo, Moraes impediu que o advogado Alberto Toron falasse na tribuna em nome da OAB durante a análise de um recurso desse tipo.
Moraes, que é presidente da turma, esclareceu na ocasião que a jurisprudência do STF estava cristalizada nesse sentido. O julgamento era sobre a possibilidade de compartilhamento de relatórios do antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) requisitados pela polícia, sem prévia autorização judicial.
"A OAB cobrará o cumprimento da lei, assim como já vem cobrando do Supremo respeito às sustentações orais, que vem sendo tolhidas em julgamentos de agravos, contrariando o texto legal", afirmou Simonetti.
Em fevereiro deste ano, o presidente da OAB entrou em choque com Moraes ao ter criticado a decisão do ministro de proibir a comunicação entre advogados da operação que mirou o ex-presidente Jair Bolsonaro. A pedido da Polícia Federal, o ministro proibiu um grupo investigados de manter contato entre si, "inclusive através de advogados".Na época, Simonetti esclareceu que advogados não poderiam ser proibidos de interagir nem confundidos com seus clientes.
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