Carolina Brígido

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Bolsonaro surfa na briga Musk x Moraes e se alimenta de derrotas jurídicas

Se juridicamente os políticos incluídos em inquéritos comandados por Alexandre de Moraes têm prejuízo, politicamente o caminho parece ser inverso. No ato (comício, na verdade) de Jair Bolsonaro deste domingo (21) o ex-presidente, investigado em dez frentes no STF (Supremo Tribunal Federal) e duplamente condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mostrou força política ao atrair uma multidão para Copacabana, no Rio de Janeiro.

Bolsonaro surfou nos ataques de Elon Musk contra Moraes. Disse que o bilionário era "dono de uma plataforma cujo objetivo é fazer com que o mundo todo seja livre" e "o homem que teve a coragem de mostrar para onde a nossa democracia estava indo, o quanto de liberdade já perdemos".

O ex-presidente chamou de "falta de humanidade" a decisão do STF de prender uma mãe de dois filhos por ter participado da tentativa de golpe de 8 de janeiro 2023. Para ele, pessoas que "erraram invadindo e destruindo o patrimônio" pública foram injustamente "tratadas como se fossem golpistas e terroristas".

Deu uma pequena trégua porém. Disse que não falaria de fraude nas eleições de 2022, que era "coisa passada". Mas criticou a decisão do TSE de multar seu partido, o PL, em R$ 22 milhões; e as decisões do tribunal que o considerou inelegível. Sem citar nomes, alfinetou o ministro do STF Flavio Dino: "Eu não me reuni com traficantes no Complexo do Alemão; eu não coloquei do meu lado a dama do tráfico do Amazonas no ministério".

A verborragia de Bolsonaro hoje é mais do mesmo. Nada do que ele não tenha dito antes - e que motivou condenações no TSE e a inclusão de seu nome em inquéritos no STF.

A situação jurídica de Bolsonaro não deve mudar depois do ato de hoje. Em contrapartida, o cenário político melhora. A exemplo do discurso na Avenida Paulista há dois meses, o ex-presidente mostra que, mesmo inelegível, ainda é capaz de reunir muita gente para ouvir e repercutir o que diz.

E, a exemplo do que aconteceu na Paulista, em Copacabana Bolsonaro repetiu a estratégia de deixar as críticas mais duras ao Judiciário para o pastor Silas Malafaia - que, até onde se sabe, ainda não figura em inquéritos do STF conduzidos por Alexandre de Moraes. O discurso do pastor, deste domingo, pode talvez mudar essa situação.

Malafaia chamou Moraes de "ditador de toga", disse que o ministro "rasgou a Constituição" e que é "uma ameaça à nação". Se não for preso antes, o religioso acabará sendo eleito.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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