É urgente que Crivella dê transparência à crise do Rio
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Há dois dias, recordei na coluna o tempo em que a cidade do Rio de Janeiro foi à falência. O ano era 1988, sob a gestão do prefeito Roberto Saturnino Braga. Hoje, tão pouco tempo depois da publicação desse texto, os cariocas ficaram sabendo que a Prefeitura está novamente no fundo do poço: por falta de dinheiro, Marcelo Crivella (Republicanos) suspendeu todos os pagamentos do Tesouro Municipal.
A resolução foi publicada no Diário Oficial nesta terça-feira. Já se sabe que a decisão impede o depósito da segunda parcela do décimo terceiro salário dos servidores, que estava previsto para hoje.
Segundo Paulo Messina, que foi secretário e braço direito de Crivella e atualmente, como vereador pelo PRTB, é considerado desafeto, a situação é tão grave quanto a de 1988. "Essa resolução de hoje, de fechamento do Tesouro, é a decretação oficial da falência do município", escreveu ele, nas redes sociais. "Não tem mais um tostão em caixa, a Justiça busca recursos para a saúde, Comlurb ameaçando paralisar às vésperas do Réveillon e décimo terceiro do servidor atrasado".
Segundo Messina, há risco de atrasar a própria folha de dezembro, a ser paga em 8 de janeiro, e as férias dos servidores da Educação.
O vereador pede transparência ao prefeito e que pare de tentar mascarar a tragédia que ele mesmo criou. "O povo precisa se preparar", alerta.
Transparência, porém, não é o forte de Crivella. Desde que os problemas de caixa começaram, com consequências notáveis para a área da saúde, onde funcionários terceirizados estão sem receber e hospitais funcionam sem insumos básicos, o prefeito optou por aparecer em vídeos para garantir soluções que nunca aconteceram.
"Estamos pagando", "estamos resolvendo", repetiu ele várias vezes, em eterno gerúndio. Como se pode ver, nada foi resolvido.
Ultimamente, tornou-se ainda menos transparente: proibiu a presença de jornalistas do Grupo Globo em entrevistas coletivas.
Trinta e um anos depois de Saturnino Braga, o Rio de Janeiro está de novo falido. Em 1988, ao menos o prefeito admitiu a gravidade da situação, que é o primeiro passo para encontrar uma solução. É aconselhável que Crivella faça o mesmo. Urgentemente
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