Witzel não tem força política para evitar o impeachment
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É muito grande a probabilidade de que a abertura do processo de impeachment do governador Wilson Witzel, decidida hoje pela Assembleia Legislativa fluminense, acabe resultando no afastamento definitivo do chefe do Executivo. Além da gravidade das denúncias de corrupção na contratação de empresas e compra de equipamentos para combate à pandemia, o governador não tem mais qualquer apoio no Legislativo. O fato de que 69 dos 70 deputados votaram a favor da abertura da investigação comprova isso.
Mesmo sabendo que teria poucas chances, Witzel tentou se agarrar a um fiapo de esperança e ligou antes da sessão de hoje para alguns deputados não identificados abertamente como oposição. Buscou conseguir votos que impedissem a abertura do processo, mas as respostas que ouviu foram frustrantes. "O governador me ligou e eu disse a ele que votaria pela abertura do processo do impeachment", disse André Correa (DEM).
Além disso, nos últimos dias Witzel chegou a acenar com bandeira branca para o presidente Jair Bolsonaro, que virou desafeto desde que o governador do Rio anunciou, no ano passado, a intenção de concorrer a presidente em 2022. A preocupação de Witzel não era apenas o processo de impeachment, mas também a investigação da Polícia Federal sobre maracutaias nos gastos para combater o coronavírus, que resultou em busca e apreensão no Palácio Laranjeiras. Funcionários do governo relatam que seu maior temor é ser preso.
Deputados próximos ao presidente disseram, porém, que não há chance de reconciliação.
Para piorar, Witzel está na mão do governo federal, por conta da necessidade de renovação do regime de recuperação fiscal, em agosto. Sem isso, o estado não terá dinheiro para pagar servidores e fornecedores.
Mesmo antes de renovar o acordo, o governo tem que pagar à União R$ 600 milhões até o dia 15 de julho — dinheiro que até agora não se sabe de onde virá.
O raquitismo político de Witzel é tão grande que quem está articulando alternativas para levantar essa quantia é o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT).
Por esses e outros motivos, a impressão unânime dos deputados é que, ao fim do processo iniciado hoje, Wilson Witzel deixará de ser governador do Rio de Janeiro.
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