O país dos maus brasileiros e da emissora do demônio
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Pela cartilha de patriotismo do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, bom brasileiro é aquele que assiste as queimadas na Amazônia e no Pantanal, a invasão de mineradores em terras indígenas e a ação dos madeireiros na floresta sem dar um pio.
Basta uma crítica mais contundente para ser catalogado na lista dos "maus brasileiros", como escreveu em seu Twitter. Onde já se viu fazer coro com os ambientalistas, os cientistas brasileiros e estrangeiros, os chefes de Estado que falam mal da política de extermínio da natureza empreendida pelo Ministério do Meio Ambiente?
Em suma: segundo Heleno, patriota é quem concorda com ele.
Pelo Evangelho de Robinho, pessoas ou empresas ungidas por Deus são aquelas que estão aí somente para tratá-lo como craque autor de belas jogadas, cara engraçado, bom de samba. Enfim, como um parça.
Esses jornalistas e emissoras de TV que ficam questionando alguém somente porque é acusado de se aproveitar de uma moça embriagada para estuprá-la, são do time do demônio. Foi assim que se referiu à Globo, em um aplicativo de mensagem.
As únicas matérias possiveis sobre Robinho, ele deve acreditar, são aquelas sobre seus gols ou sobre seu estilo de vida abastado. Não só Robinho acredita nisso, muitos outros jogadores também.
No Brasil dos sonhos de Heleno e Robinho, não há lugar para críticas e questionamentos. O primeiro quer um país de vaquinhas de presépio e o segundo deseja um país de fãs.
Desempenhando funções tão diferentes, o general e o jogador se encontram no mesmo território político: apoiam Bolsonaro, anseiam pelo projeto autoritário de nação que o presidente anuncia, onde todos os cidadãos concordem com os generais e toda a imprensa idolatre os jogadores.
A boa notícia é que as reclamações de Heleno e Robinho indicam que não chegamos a esse estágio de anomia.
Pelo menos por enquanto.
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