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Chico Alves

General Etchegoyen nega complô contra Dilma e critica Comissão da Verdade

General Etchegoyen - Divulgação
General Etchegoyen Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

02/11/2020 14h34

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A revelação de que entre 2015 e 2016 o vice-presidente Michel Temer teve reuniões com o então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, e o chefe do Estado-Maior da Força, general Sérgio Etchegoyen, antes do impeachment da presidente Dilma Rousseff, agitou o cenário político.

A informação está no livro A Escolha, Como um Presidente Conseguiu Superar Grave Crise e Apresentar uma Agenda Para o Brasil, coletânea de entrevistas de Temer ao professor de filosofia Denis Lerrer Rosenfield.

Um dos militares citados, o general Etchegoyen, falou à coluna sobre as acusações de que esses encontros fizeram parte de articulações políticas contra o governo. Na entrevista, confirma a contrariedade que representou para os generais a Comissão Nacional da Verdade, que funcionou entre 2011 e 2014, para investigar violações dos direitos humanos ocorridas durante a Ditadura Militar.

A afirmação ajuda a entender a grande resistência que os petistas passaram a ter entre os comandantes militares a partir de então:

UOL - A revelação das reuniões do sr. e do general Villas Bôas com o vice-presidente Michel Temer, entre 2015 e 2016,estão sendo tratadas por integrantes do governo petista como articulação política contra a presidente Dilma Rousseff. Como recebe essa avaliação?

General Sérgio Etchegoyen - Parece ser o que restou a alguns personagens no seu esforço vão de encontrar uma narrativa para esconder seus próprios erros e que eles isolaram os militares, desrespeitaram-nos, encenaram uma Comissão da Verdade claramente vingativa, afrontaram a lei para usurpar competências claras dos comandantes e, note bem, o governo nunca nos procurou, ao contrário de muitas outras lideranças da época, não só o então vice-presidente, inclusive parlamentares da base de apoio do governo. Além do que, os encontros constam da agenda do então vice-presidente, é só consultar.

Houve incitação de Michel Temer para uma conspiração?

Ele, com sua conhecida conhecida formação jurídica e fidalguia, foi apenas uma das várias autoridades com quem conversamos, trocamos impressões e eventualmente nos aconselhamos. Nunca ouvi de Michel Temer estímulo a ações ilegítimas ou convite para conspirações.

Essas reuniões criaram o clima que acabou resultando no impeachment de Dilma?

A acusação é ridícula. Que poder teriam os militares para impor ao Congresso o resultado de um processo de impeachment no qual o Parlamento e o STF foram os grandes protagonistas?