Como os hackers, Bolsonaro quer desacreditar sistema eleitoral do Brasil
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Os hackers que desde o primeiro turno testam a segurança do sistema de informática do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com sucessivas tentativas de invasão, têm ao seu lado um poderoso aliado na tarefa de desacreditar a urna eletrônica. Verbalizando o que passa em sua mente conturbada, o presidente Jair Bolsonaro atacou hoje mais uma vez o sistema eleitoral brasileiro. Disse que "o voto impresso é uma necessidade" e que está vendo o trabalho de hackers aqui.
A pregação foi feita após Bolsonaro consignar o voto em uma seção da zona oeste do Rio. Além de escolher momento simbólico para dar seguimento à campanha pela volta ao passado, dessa vez o presidente dedicou mais tempo à sua confusa explanação.
"Podemos continuar votando e não tendo a certeza se aquele voto foi ou não para aquela pessoa", argumentou, de forma irresponsável, disseminando a desconfiança sem apresentar qualquer prova, como é de seu costume.
Ao sustentar suas verdades imaginárias Bolsonaro ignora os fatos.
Para ele, não faz qualquer diferença que os ataques ao TSE promovidos pelos piratas da informática tenham resultado em retumbante fracasso. Não conseguiram mais que dados administrativos do tribunal, sem qualquer relação com a apuração da eleição. Ainda por cima deixaram pistas que levaram à identificação do jovem português de 19 anos, que acabou preso por participar da ofensiva.
Cada ataque desse tipo às urnas eletrônicas é repercutido nas redes sociais bolsonaristas como prova de que o voto não é seguro - quando é justamente o contrário. Essa ofensiva de desinformação tem a participação do próprio presidente da República do Brasil.
É o mesmo homem que disse nos Estados Unidos que a eleição de 2018, vencida por ele, foi marcada por fraude. Como sempre, não apresentou nada parecido com uma prova.
Toda essa marola provoca uma pergunta inevitável: qual o objetivo de Bolsonaro e dos bolsonaristas com essa campanha?
Diante do que ocorre com seu ídolo Donald Trump, que resiste a deixar a presidência sob a falsa alegação de fraudes (em voto impresso!), não é fora de propósito pensar que Bolsonaro prepara desde já uma argumentação para a eventualidade de perder a corrida presidencial de 2022.
Infelizmente, as instituições precisam se preparar para essa possibilidade.
Não é situação corriqueira ter um presidente que se insurge contra o processo eleitoral do próprio país. Em uma situação-limite, os políticos, os juízes e os militares terão que tomar posição enérgica contra essas alucinações bolsonarianas, em defesa da democracia.
Nesse sentido, seria interessante saber o que pensam sobre essa tese amalucada os generais do grupo fiel ao ex-comandante Eduardo Villas Bôas, que viabilizaram o apoio militar à candidatura de Bolsonaro à presidência.
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