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'É crime', dizem ex-ministros da Saúde sobre ingerência política na Conitec
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O cancelamento pelo Ministério da Saúde da votação que ocorreria hoje sobre o relatório técnico da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), que rejeita o tratamento precoce contra covid-19, foi duramente criticado por três ex-ministros ouvidos pela coluna. Segundo informações da rádio CBN, o motivo da retirada de pauta teria sido uma ordem do presidente Jair Bolsonaro a Marcelo Queiroga. Defensor do uso de cloroquina, ivermectina e outros remédios ineficazes contra o coronavírus, Bolsonaro discorda do resultado do relatório.
Hoje deputado federal pelo PT de São Paulo, Alexandre Padilha era ministro da Saúde quando a comissão foi criada, em 2011. "Criei a Conitec por lei e era exatamente para que as decisões de incorporação de medicamentos no SUS, que envolvem vidas e interesses milionários, não ficassem à mercê do governo de plantão", explicou. "Bolsonaro comete mais um crime. Acionei o Tribunal de Contas da União e a Justiça porque esta decisão envolve vidas e interesses milionários".
Outro a criticar a decisão foi Luiz Henrique Mandetta, o primeiro a comandar a pasta da Saúde no governo Bolsonaro. "Estão presos na armadilha de mentiras que construíram", afirmou. "Ministro castrado. Ministério em ruínas".
José Gomes Temporão foi ministro da Saúde no governo Lula e classificou a decisão como absurda. "A Conitec foi criada por uma lei que está em vigor, todos que seguem a ciência temos certeza absoluta que a comissão iria dizer que essas drogas não funcionam, isso é uma gigantesca fraude", avalia Temporão.
"Quando o presidente determina que o ministro retire da pauta um relatório que vai prejudicá-lo politicamente, que na verdade vai expor que ele lidera um uma fraude criminosa contra o povo brasileiro, isso é duplamente grave", acredita o ex-ministro. "Ele aí está cometendo mais um crime, assume claramente a responsabilidade por ser o líder criminoso responsável pela situação dramática a que o povo brasileiro chegou com 600 mil óbitos pela covid-19".
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