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Bolsonaro leva 'toma lá, dá cá' à Educação para criar 3 mil cargos inúteis
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É impressionante que milhões de brasileiros tenham acreditado quando Jair Bolsonaro anunciou na campanha eleitoral que uma das metas do seu futuro governo seria dar fim ao "toma lá, dá cá" entre Executivo e Legislativo. Para alguém que passou 28 anos como deputado federal aboletado em legendas que praticavam ativamente o fisiologismo, seria mais fácil nascer de novo.
A verdade, porém, é que mesmo quem encarou a promessa do então candidato com ceticismo tem motivos para ficar surpreso com o despudor com que Bolsonaro passou a distribuir verbas, cargos e outras benesses ao Centrão em troca da tal governabilidade. O pé afundou na jaca de vez quando o governo instituiu o orçamento secreto, uma bagatela de R$ 3 bilhões em recursos distribuídos aos deputados, cuja utilização é praticamente impossível de fiscalizar.
Na prática, é como se o Legislativo passasse a cumprir o papel do Executivo, sem ter que prestar contas a ninguém.
Escancarada a porteira do escambo político, o insaciável Centrão quer agora passar a boiada de outros apaniguados. Para acomodá-los, o governo escolheu um pedaço da engrenagem administrativa pelo qual tem pouquíssimo apreço: o Ministério da Educação. A ideia é criar na pasta o maior cabide de empregos de todos os tempos.
Reportagem dos jornalistas Julio Wiziack e Paulo Saldaña, publicada na Folha de S. Paulo, revelou que o ministro Milton Ribeiro está prestes a desmembrar instituições federais de ensino superior que já existem para criar cinco novas universidades e cinco institutos técnicos.
Essa curiosa expansão não vai representar o acréscimo de vagas ou de novos estabelecimentos. A única coisa que vai se multiplicar é o número de cargos. Serão criados 2.912 postos de comando.
Isso mesmo: quase três mil novos chefes para nenhum aluno a mais.
A mágica poderá ser materializada nos estados do Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Espírito Santo e Piauí, redutos de vários caciques do Centrão, inclusive o ministro da Casa Civil, o piauiense Ciro Nogueira (PP).
O custo da negociata pode chegar a estratosféricos R$ 500 milhões por ano (o corte na Ciência e Tecnologia que levou o setor à penúria foi de R$ 600 milhões).
Para quem acreditou na equipe que assumiu o mandato falando em enxugar as contas e exterminar as negociatas danosas ao país, Bolsonaro e sua trupe podem ser considerados como um embuste.
Aos que não deram crédito às promessas que o presidente fez na campanha, duas coisas surpreendem.
Primeiro, a imensa criatividade para bolar novas tecnologias de "toma lá, dá cá", formas inovadoras de entregar cargos e recursos aos aliados do Centrão.
A segunda é que a essa altura do campeonato ainda haja incautos que botem fé na palavra de Bolsonaro.
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