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Filho de João Cândido critica veto da Marinha: 'Meu pai é herói do povo'
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A resistência da Marinha à inclusão do nome de João Cândido, o líder da Revolta da Chibata, de 1910, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria foi criticada por Adalberto Cândido, filho do personagem histórico. A alegação do comando da força para rejeitar o projeto de lei que homenageia o "Almirante Negro" é de que houve quebra de hierarquia e que a revolta causou mortes, inclusive de duas crianças.
"Morreu gente dos dois lados. Quando a anistia ficou sem efeito, marinheiros foram fuzilados", disse Adalberto, de 83 anos, à coluna. "Meu pai foi preso na masmorra, internaram como louco na Colônia Psiquiátrica Juliano Moreira".
Para ele, que é conhecido como Candinho, a Marinha não pode esconder que houve a Revolta da Chibata. "O Congresso é independente. Não estamos em uma ditadura, mas sim em uma democracia", diz.
Depois de liderar o movimento contra os maus tratos dispensados aos marinheiros, João Cândido foi expulso e preso. Morreu pobre e somente em 2008 foi anistiado.
Em setembro, um projeto do senador Paulo Paim (PT/RS), que estava parado, voltou a tramitar. O deputado federal Chico D'Angelo (PDT-RJ), autor de projeto semelhante ao aprovado no Senado, diz que recebeu duas vezes em seu gabinete pessoas da Marinha, que pediam que ele retirasse o texto "em função da quebra de hierarquia".
"O comando da Marinha tem que ter outra mentalidade, estamos no século 21. Ou eles vão querer que os marinheiros continuem a ser chicoteados?", questiona o filho de João Cândido.
Candinho mora no município de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Há poucos meses, seu pai foi homenageado com um gigantesco grafite na parede externa de casa, obra do artista Cazé e do produtor Pedro Rajão, do projeto Negro Muro. Desde 2019 o "Almirante Negro" está no Livro de Heróis e Heroínas do Estado do Rio de Janeiro.
"Meu pai é herói popular, não da elite. Por isso eles não aceitam", diz o filho de João Cândido. "Mas a voz do povo é a voz de Deus".
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