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Com provável troca de partido, Moro expõe fragilidade da candidatura
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Empacado no patamar que oscila entre 9% e 10% nas pesquisas sérias de intenção de voto, o pré-candidato a presidente Sergio Moro resolveu partir para o ataque. Depois de prometer que não cairia em provocações, surgiu nas últimas entrevistas e postagens usando adjetivos duros contra os líderes da corrida eleitoral, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Moro e sua equipe acreditam que isso pode dar novo rumo à pré-campanha.
É muito pouco. O ex-juiz ainda baseia seus movimentos eleitorais no autoelogio do lavajatismo, militância jurídica que ele liderou e teve as mais importantes decisões anuladas pelo Supremo Tribunal Federal. Desde então, o STF, que era elogiado, passou a ser criticado por Moro.
O ex-juiz repete à exaustão que as candidaturas devem ser construídas a partir de um projeto, mas ele próprio ainda não apresentou o seu. A cada entrevista, aponta problemas óbvios do Brasil e sugere soluções genéricas que qualquer estudante de 5ª série poderia enumerar: valorizar os professores, reduzir a pobreza, combater a inflação, gerar empregos? Como fazê-lo? Bom, isso fica para depois. O tal projeto ainda não existe.
Por essas e outras, cresceu a resistência dos políticos do Podemos a sua candidatura. É grande o temor dos filiados de atrelar seus objetivos eleitorais a um nome que não decola. Muitos já sinalizaram apoio a outros candidatos majoritários. Até mesmo no Paraná, estado natal do ex-juiz e do senador Álvaro Dias, seria obrigado a aceitar que políticos do seu partido se dividissem entre apoiar a ele e a Bolsonaro.
Começou então a costura para transferência ao União Brasil, legenda que deve surgir a partir da fusão do DEM e do PSL. Com uma fortuna de fundo eleitoral e muito tempo de TV, o partido teria melhores condições de fazer Moro deslanchar.
A negociação continua, mas também esse caminho está cheio de obstáculos. Em São Paulo, por exemplo, alguns parlamentares que hoje são do DEM apoiam João Doria. Em estados do Centro-Oeste, o preferido é Bolsonaro. O ex-juiz ainda corre o risco de ficar sob o mesmo teto partidário de Eduardo Cunha, político que Moro mandou para a cadeia e que para muitos personifica o pior da política. Resolver essa equação é o desafio atual da candidatura do ex-juiz.
Depois de levar tanto tempo para se decidir se seria ou não candidato a presidente e com tanto apoio da mídia, era de se esperar que o "projeto" de Moro estivesse bem mais maduro.
A movimentação para trocar de partido dois meses após se filiar ao Podemos equivale a admitir que o planejamento da campanha do ex-ministro foi tão ineficaz quanto seu treinamento no fonoaudiólogo.
Ainda é possível mudar de rota. Mas ninguém se engane: as próximas pesquisas serão decisivas para saber se essa possibilidade vai mesmo se transformar em realidade ou se Moro deve começar a reconsiderar a candidatura a presidente.
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