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Chico Alves

REPORTAGEM

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Santos Cruz pede investigação de visitas de pastores ao Palácio do Planalto

General Santos Cruz - Wilson Mendes/Secretaria de Governo
General Santos Cruz Imagem: Wilson Mendes/Secretaria de Governo

Colunista do UOL

17/04/2022 04h00

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As informações prestadas pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República sobre os registros de acesso ao Palácio do Planalto dos pastores Arilton Moura e Gilmar dos Santos levaram o ex-ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro, general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, a pedir aprofundamento da investigação do caso. Moura e Santos são acusados por vários prefeitos de cobrar propinas para intermediar repasses de recursos do Ministério da Educação. De acordo com registros divulgados, os dois estiveram no setor que à época era chefiado por Santos Cruz.

O general, que deixou o cargo em junho de 2019, divulgou nota para informar que pesquisou anotações pessoais e não há registro sobre as visitas dos dois. Ele afirma que "há lembranças" de que Arilton esteve na Secretaria de Governo para entregar um convite a Jair Bolsonaro para um evento religioso e foi orientado a protocolar o convite diretamente na Presidência da República. Em três oportunidades, Santos Cruz afirma que não se encontrava em Brasília quando Arilton esteve na sede do governo.

Quanto ao outro pastor, que também alegou ter ido à Secretaria de Governo quando Santos Cruz era o titular, o ex-ministro não encontrou vestígio. "Não existe nenhuma lembrança desse cidadão ter comparecido à SEGOV por qualquer motivo", diz o general. Por isso, em nome da transparência, "um dos princípios da administração pública e fundamental para a democracia e para o respeito ao público", ele pede "investigação detalhada para completo esclarecimento do assunto".

O ex-ministro sugere as seguintes providências:

- "Comparar agendas funcionais da época com os registros divulgados e verificar qual foi o real destino e a finalidade dos contatos dos Senhores Arilton e Gilmar no interior do Palácio. Se houve visitas e encontros a diversas autoridades ou setores do palácio dentro de um mesmo registro de entrada, razões alegadas para entrar no Palácio e quem autorizou a entrada".

- "Esclarecer como nos dias 22 e 23 de maio e 5 e 6 de junho de 2019 o Sr Arilton entrou Palácio, por quatro vezes seguidas, sem ter registro de saída. É importante esclarecer como o Sr Arilton saiu do ambiente do Palácio sem entregar o crachá e se utilizou o mesmo crachá para retorno. Em 6 de junho de 2019, o Sr Gilmar também teve registro de entrada e não teve registro de saída".

- "Definir os locais, autoridades e servidores visitados pelo Sr Arilton no dia 25/4/2019, quando ele permaneceu, no total, 2h 52min 28 seg no interior do Palácio do Planalto".

De acordo com denúncias de alguns prefeitos, Gilmar dos Santos e Arilton Moura cobravam propinas em dinheiro, ouro ou através de compra de bíblias em troca da intermediação de pedidos ao Ministério da Educação de construção de escolas e creches. Segundo o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, os dois pastores, que não têm cargos públicos, foram encaminhados ao chefe do MEC pelo presidente Jair Bolsonaro. Sob acusações de corrupção, Ribeiro pediu exoneração do cargo no dia 28 de março.

Segundo informou o GSI, o pastor Arilton esteve 35 vezes no palácio desde 2019, em dez oportunidades acompanhado por Gilmar.