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Chico Alves

REPORTAGEM

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Após ser chamado de traficante, ativista do Alemão vai processar Bolsonaro

Lula e Renê Silva - Selma Souza / Voz das Comunidades
Lula e Renê Silva Imagem: Selma Souza / Voz das Comunidades

Colunista do UOL

29/10/2022 08h07

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Depois de ser chamado por Jair Bolsonaro de "chefe do narcotráfico" no debate de ontem, na TV Globo, o jornalista Renê Silva, coordenador do jornal Voz das Comunidades, disse à coluna que vai processar o presidente da República e candidato à reeleição. "Vou conversar hoje com advogados para dar início ao processo", explicou.

Bolsonaro se referiu dessa forma a Renê ao abordar a visita que seu oponente, Luiz Inácio Lula da Silva, fez ao Complexo do Alemão, onde foi se encontrar com lideranças comunitárias.

O ativista lembra que no debate promovido pelo UOL, Band, Folha de S. Paulo e TV Cultura Bolsonaro já tinha falado que o petista estava "cercado de traficantes". "Agora, 17 dias após a visita de Lula, ele reafirma que o candidato visitou chefes do tráfico. É inadmissível uma fala dessa vinda do presidente da República", critica Renê. O ativista atribui esse tipo de ataque ao racismo e preconceito.

No debate, Bolsonaro questionou o petista por ter entrado na comunidade sem estar acompanhado da polícia. Renê também desmente essa informação.

"Todo o trajeto por onde o ex-presidente passou foi sugerido por mim, e posteriormente foi visitado pela Polícia Federal e pela Polícia Militar", conta. "A construção dessa agenda não seria possível sem a participação e contribuição das autoridades competentes".

O criador do Voz das Comunidades relata que a visita ao Alemão não se deu dentro dos becos e vielas. "Passamos pela avenida principal, que é a Estrada do Itararé. Aqui, mesmo com a presença do poder paralelo, existe um programa da UPP desde a invasão da polícia, em 2010, há 12 anos. Não há possibilidade de a visita do Lula acontecer sem a presença e participação das autoridades policiais".

Anteriormente, Bolsonaro já tinha falsamente associado a visita de Lula a conluio com traficantes e associado o boné com a inscrição CPX, que o petista usou na ocasião, com uma facção criminosa. Na verdade, é uma referência à palavra "complexo".

O Voz das Comunidades foi criado por Renê em 2005 e se transformou em rede de comunicação independente que hoje é porta-voz de várias favelas do Rio.