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Especialistas em segurança criticam ação da PM do DF contra baderneiros
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A ação da Polícia Militar do Distrito Federal contra baderneiros bolsonaristas que ontem atacaram a sede da Polícia Federal e incendiaram ônibus e automóveis, paralisando o centro de Brasília, foi bastante criticada por dois especialistas ouvidos pela coluna. Tanto José Vicente da Silva Filho, coronel reformado da PM de São Paulo e ex-secretário nacional de Segurança Pública, quanto Robson Rodrigues, coronel da reserva da PM do Rio e antropólogo, avaliam que faltou às autoridades se antecipar aos fatos, que eram previsíveis diante da tensão política dos últimos tempos.
Para Silva Filho, a vigilância sobre grupos desse tipo precisa ser feita pelo setor de inteligência, com agentes infiltrados, para avaliar o ânimo das pessoas, saber se eventualmente estão armadas ou estocando armas e se estão planejando ações.
"Isso permite ter uma orientação mais segura sobre a preparação das forças policiais, tanto de prevenção como uma eventual repressão. Serve para guiar até o deslocamento de ambulâncias", explica ele. "Não se pode ficar olhando à distância, vendo as coisas acontecerem. A inteligência serve para antecipação, não para remendar as coisas que aconteceram. E isso pode ter falhado tanto por parte da Polícia Militar e da Polícia Civil, quanto da Polícia Federal".
Na opinião de Robson Rodrigues, o erro da ação da PM foi claro. "Houve equívocos. A polícia tem que atuar se antecipando aos fatos e isso não aconteceu. É preciso estar constantemente em alerta", diz ele, que já comandou o Batalhão de Choque na PM do Rio.
Rodrigues chama atenção para "discursos falaciosos que tentam minimizar e naturalizar uma situação que não pode ser vista como normal pela polícia", referindo-se aos grupos de manifestantes golpistas que permanecem à frente de quartéis do Exército em vários pontos do país.
"É uma crise prestes a explodir, deve-se olhar as evidências e não acreditar em discursos", destaca. "Houve descuido e é preciso averiguar se a politização levou a uma complacência com os manifestantes. O certo é que houve uma falha que gerou uma situação de insegurança".
Os dois especialistas acreditam que a baderna de ontem deve ser analisada para que se tire conclusões com vistas ao esquema de segurança da posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência, que vai ocorrer no dia 1º de janeiro. Mas eles têm opiniões opostas sobre o que deve ser feito.
Para Silva Filho, o ambiente radicalizado que existe hoje no país não é o ideal para uma festa com a presença de centenas de milhares de pessoas em Brasília. Ele sugere uma cerimônia com mais "sobriedade" - menos gente para facilitar o esquema de segurança.
Rodrigues não concorda. Acha que possíveis falhas na operação da polícia devem ser sanadas, mas a programação da festa não deve ser alterada. "Uma decisão desse tipo não teria efeito dissuasório, mas sim estimularia o outro lado", acredita.
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