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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Depoimento à PF complica ainda mais Bolsonaro e Bento Albuquerque

Jair Bolsonaro e Bento Albuquerque  - Reprodução/Twitter/@jairbolsonaro
Jair Bolsonaro e Bento Albuquerque Imagem: Reprodução/Twitter/@jairbolsonaro

Colunista do UOL

14/03/2023 18h26

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Pelo que se sabe até agora do depoimento prestado por Bento Albuquerque à Polícia Federal sobre o caso das joias, a situação do ex-ministro e do ex-presidente Jair Bolsonaro ficou ainda mais complicada. Ao mudar mais uma vez de versão sobre o destinatário do "presente" do governo árabe, ele desmontou a argumentação dada anteriormente pela defesa de Bolsonaro.

O advogado do ex-presidente, Frederick Wasseff, havia dito que os bens tinham caráter "personalíssimo" e, por isso, deveriam ficar com ele. Hoje, Bento Albuquerque disse à PF que as joias eram endereçadas à União.

Além da contradição entre as duas versões, Albuquerque admitiu aos policiais a prática de crime. Não declarou à Receita nenhum dos dois pacotes de joias - o feminino e o masculino - e mesmo depois que o mais caro ficou retido na alfândega, manteve consigo um deles.

Para qualquer simples mortal que aja dessa forma, a classificação seria uma só: contrabandista. As investigações vão mostrar se essa é a categoria do ex-ministro.

Quanto a Jair Bolsonaro, que guardou consigo a joia masculina ofertada pelos árabes, com valor estimado em ao menos R$ 400 mil, a situação também está cada vez mais crítica.

Se os objetos que Bento Albuquerque trouxe da Arábia Saudita podem ser considerados contrabando — ou descaminho —, ao levá-los para seu acervo, o ex-presidente pode ser considerado como receptador.

As joias mais caras só não se somaram a esse acervo clandestino porque os funcionários da Receita não se intimidaram com as diversas carteiradas tentadas pelo governo.

Dede que o jornal O Estado de S. Paulo trouxe à luz o caso das joias, Bolsonaro e Bento Albuquerque parecem ter caído em areia movediça: a cada movimento, afundam mais.

Hoje, afundaram mais um pouco.

E pode piorar.

Se a Polícia Federal caprichar na investigação dos misteriosos motivos que levaram os árabes a dar a Bolsonaro presentes muito mais valiosos do que entregaram a Donald Trump, por exemplo, o ex-presidente verá a areia movediça subir acima do nível do nariz.