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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

É a vez de Michelle explicar fixação que os Bolsonaro têm por dinheiro vivo

Colunista do UOL

13/05/2023 11h33

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Não é crime fazer compras e pagamentos em dinheiro vivo. Há, no entanto, grande diferença entre o cidadão que vai à padaria com algumas cédulas e moedas para comprar pão e aquele que movimenta vultosas quantias em espécie. Qualquer policial em início de carreira sabe que o segundo caso é algo suspeito.

É desse expediente que se valem quadrilhas do crime organizado para transformar os lucros conseguidos nas atividades ilegais em ganho "legalizado". Ao ocultar a origem da grana que despejam no mercado, praticam lavagem de dinheiro.

Ante a revelação feita pelo jornalista Aguirre Talento, colunista do UOL, de que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usava cédulas para pagar as compras, estranhamente feitas no cartão de crédito de uma amiga que trabalhava como assessora parlamentar, surge a inevitável pergunta: qual era a origem da grana?

A suspeita de maracutaia fica maior quando se sabe que o próprio ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid (hoje preso), alerta para o risco da prática ser vista como rachadinha.

Mesmo advertida de que o Ministério Público pode alegar "que tem uma assessora de um senador aliado do presidente, que está dando rachadinha", "dando a parte do dinheiro para Michelle", a então primeira-dama não muda o comportamento.

Por qual motivo decide correr esse risco?

Perguntar de onde vêm as notas de reais que abastecem as contas da família Bolsonaro tem sido algo frequente nos últimos anos. Questionamentos assim foram repetidos quando se descobriu que boa parte dos 51 imóveis comprados por integrantes do clã foi comprada em dinheiro, ou quando se revelou que Flávio Bolsonaro pagou despesas de R$ 3 milhões em cash ou ainda quando veio à tona que Fabrício Queiroz tinha feito 27 depósitos em espécie na conta de Michelle, totalizando R$ 89 mil.

Em nenhuma dessas oportunidades a resposta sobre a origem dos recursos foi satisfatória.

Vamos ver se dessa vez será diferente.