Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Mais alguns motivos para questionar a indicação de Zanin ao STF
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A preferência de Lula por Cristiano Zanin para preencher uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) já foi criticada nesta coluna. A principal objeção foi ao critério usado pelo presidente para indicar o novo ministro do Supremo: ele quer alguém que o proteja no caso de um novo ataque ao estilo da Lava Jato.
Quando coloca como motivo número um para a condução de alguém à principal corte do país o fato de ter sido seu defensor, Lula manda às favas os princípios republicanos.
É compreensível que esteja ressabiado com o aval que o STF deu à perseguição política promovida contra ele por Sergio Moro e sua turma. No entanto, o antídoto para que isso não se repita é escolher um ministro que seja legalista, que tenha como objetivo proteger a todos os brasileiros contra injustiças, e não apenas o presidente.
Há também quem critique a opção por Zanin levando em conta o critério da representatividade. Realmente, a falta de ministros negros e a existência de apenas duas mulheres no STF é uma distorção que Lula poderia amenizar.
O colunista reconhece, no entanto, que o petista é sensível a essa questão. Foi ele quem escolheu uma das duas ministras que estão lá e também indicou o primeiro ministro negro, Joaquim Barbosa. Espera-se que a próxima vaga seja preenchida levando-se em conta esse critério — quem sabe, com a indicação de uma mulher negra.
Mas além desses argumentos para questionar a indicação de Zanin, há um outro, bastante relevante: o desconhecimento sobre o pensamento do escolhido de Lula em relação aos principais temas da vida nacional.
Há afinidade entre as ideias dele e a corrente ideológica do petista?
Zanin é liberal na economia ou estatista?
Que opinião tem sobre a questão indígena ou sobre o tema ambiental?
Como vê a regulamentação das redes sociais?
Ninguém sabe.
Seja sobre esses assuntos ou outros quaisquer, Zanin é um ilustre desconhecido no debate nacional. Somente agora começa a revelar suas posições.
Muitos dos que defenderam sua indicação não gostaram, porém, das primeiras pistas sobre as convicções do indicado de Lula.
No encontro com lideranças evangélicas, roteiro de beija-mão para garantir apoio à aprovação de seu nome na sabatina do Senado, Zanin causou ótima impressão em personagens como Silas Malafaia (!). Entre outras coisas, o advogado teria dito aos pastores que o STF não deve "legislar" sobre temas como drogas e aborto.
Na verdade, o Supremo não deve legislar sobre nada. Quando líderes evangélicos que misturam religião e política usam essa expressão querem dizer, na verdade, que detestam quando o STF muda decisões do Legislativo sobre temas de seu interesse, mesmo se inconstitucionais.
O posicionamento do advogado recebeu muitas críticas de simpatizantes da esquerda nas redes sociais.
Os midiáticos chefões evangélicos já tiveram assim alguma noção do pensamento do indicado ao Supremo.
O próximo compromisso do escolhido do presidente será com os grandes empresários do sistema S. O convescote deverá acontecer na quinta-feira (15).
A mera escolha desses primeiros interlocutores pode ser encarada como um sinal das posições de Zanin?
Não se sabe. Mas o certo é que pastores e entidades patronais terão uma ideia do que esperar do possível futuro ministro do STF.
Falta ao restante dos brasileiros saber sobre ele algo além do simples fato de ter sido o protetor de Lula.
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