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Lula mostra mais energia, mas escorrega em provocação de padre Kelmon
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* Cesar Calejon
O último grande debate promovido pela TV Globo contou com uma versão mais enérgica do ex-presidente Lula, que lidera a disputa à Presidência da República segundo as mais recentes sondagens, com chances reais de vencer a contenda ainda no primeiro turno.
O petista articulou-se com vigor e respondeu à altura os diversos ataques que sofreu de diferentes candidatos ao longo do debate: contestou bem as colocações ressentidas feitas por Ciro Gomes, as baixarias orquestradas por Bolsonaro, as comparações equivocadas de Simone Tebet, as ponderações populistas de Soraya Thronicke e a superficialidade liberal de Felipe d'Ávila.
Contudo, Lula escorregou nas provocações feitas por Kelmon. No momento mais tenso da noite, o ex-presidente entrou em um confronto direto com o candidato do PTB, no que se tornou um bate-boca banal.
"O senhor nem deveria estar aqui como candidato. O senhor é cínico, o senhor mente, o senhor matou", disse Kelmon, seguindo a estratégia bolsonarista de fazer alusão ao caso Celso Daniel, sobre o qual Lula já havia se posicionado de forma firme anteriormente.
Neste momento, Lula, visivelmente irritado, disse: "irresponsável! O senhor está fantasiado". Consequentemente, o debate chegou a ser efetivamente interrompido. O bate-boca continuou e o mediador William Bonner desligou o microfone de ambos para esfriar os ânimos, pedindo que os candidatos respirassem.
Após o reinício do debate, houve novos embates e Lula disse que "candidato laranja não tem respeito por regras". Ao tentar interromper novamente, Kelmon foi severamente reprendido por Bonner, que disse: "o senhor nos obriga a instituir uma nova regra no debate".
Apesar de não comprometer a atuação de Lula, o embate com Kelmon, um candidato aventureiro e franco-atirador que sequer pontua nas pesquisas de intenções de votos, não interessa em absoluto ao petista.
Ao irritar-se, Lula deu importância a uma figura inepta que esteve presente no debate para servir de cabo eleitoral a Jair Bolsonaro. Um típico representante do modelo "pastelão histriônico" que é peculiar a aliados de primeira linha do bolsonarismo, como é o caso de Roberto Jefferson, a quem Kelmon serve como substituto na corrida pela Presidência da República.
De qualquer forma, a despeito do escorregão, Lula foi enfático e se defendeu de maneira adequada dos ataques que recebeu, demonstrando muito mais energia do que durante o primeiro dos grandes debates na TV, ocorrido na Band — o suficiente para preservar suas chances de vitória na eleição do próximo domingo.
* Cesar Calejon é jornalista, com especialização em Relações Internacionais pela FGV e mestrando em Mudança Social e Participação Política pela USP (EACH). É escritor, autor dos livros A Ascensão do Bolsonarismo no Brasil do Século XXI (Kotter), Tempestade Perfeita: o bolsonarismo e a sindemia covid-19 no Brasil (Contracorrente) e Sobre Perdas e Danos: negacionismo, lawfare e neofascismo no Brasil (Kotter).
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