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Constança Rezende

Bebianno já vê Guedes fora do governo: "não aceitará fritura"

1.jan.2019 - O presidente da República, Jair Bolsonaro e Gustavo Bebianno - Fátima Meira/Futura Press/Folhapress
1.jan.2019 - O presidente da República, Jair Bolsonaro e Gustavo Bebianno Imagem: Fátima Meira/Futura Press/Folhapress

Colunista do UOL

20/02/2020 14h05Atualizada em 20/02/2020 19h49

O ex-ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, acredita que o ministro da Economia, Paulo Guedes, deverá seguir o seu mesmo caminho: deixar o governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Ao UOL, Bebianno disse que Guedes tem um temperamento forte e não aceitará a fritura que geralmente é imposta pelo presidente a aliados que deseja demitir.

"Paulo Guedes é um profissional de mão cheia, competente. Mas tem o temperamento forte e não é de muita conversa mole. Ele não aceitará entrar para o paredão bolsonarista e ser queimado. Acho que ele saíra antes disso", previu.

O ex-aliado de Bolsonaro disse também que, caso o presidente perceba que não precisa mais de Guedes, ele "não hesitará em jogá-lo às feras". "O Paulo já sabe disso e não me parece que aceitará fazer esse jogo", afirmou Bebianno.

Bolsonaro e Guedes vivem num clima de animosidade e há especulações de que o ministro deixe o governo. A relação desgastou com a lentidão do andamento da pauta econômica defendida pelo ministro e com as falas polêmicas de Guedes. Ele chamou servidores públicos de "parasitas" e, ao falar do dólar alto, disse que empregadas domésticas estariam indo a Disney.

Apesar de ter achado inadequada a fala do ministro, Bebianno disse que Guedes "tem boas ideias e intenções", mas que não ficará ruim para o ministro deixar o governo.

"Ele não precisa disso, o ruim é para o país que perderá a oportunidade de, finalmente, trilhar um caminho mais próspero. O Jair não acredita no liberalismo econômico, acho que nem compreende bem os conceitos e fundamentos envolvidos. A verdade é que ele encontrou no Paulo um bom cabo eleitoral, que o ajudou muito a encontrar a aceitação do mercado. Mas, no fundo, o Jair não tem nada de liberal", disse.

Na última terça-feira, Bolsonaro defendeu Guedes de "pequenos deslizes" e, sem ser questionado, disse acreditar que ele ficará em seu governo até o final.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Uma versão anterior do texto informava que Jair Bolsonaro é filiado ao PSL. O presidente deixou o partido em novembro de 2019. A informação foi corrigida.