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Representatividade na política brasileira: pleonasmo?

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Imagem: Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Colunista do UOL

06/01/2022 18h51

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Andreia Lira*

Júlia Wildner Cunha*

Em uma democracia como a que vivemos, iniciativas que buscam aumentar a representatividade na política DEVERIAM beirar o pleonasmo. E você já vai entender o porquê. Agora, queremos refletir junto com você: quão diversa é a política brasileira?

Entrar na política institucional sem os contatos certos, muitas vezes, é visto como algo inalcançável. Não só para aqueles que desejam se eleger, mas também para quem busca trabalhar nos bastidores, nas equipes parlamentares. Além dessa dificuldade - que é comum a todos que estão fora da bolha política - existem inúmeras barreiras adicionais que se sobrepõe quando se é negro, periférico, LGBTQIA+ e por aí vai. Isso resulta em uma composição pouco diversa do legislativo brasileiro, onde tomamos as maiores decisões do Brasil. Essa falta de diversidade se percebe na produção política realizada por estes atores, que refletem uma única história desenhada por "donos das canetas" muito similares entre si.

Sabemos que o termo representatividade remete à expressão dos interesses de determinado grupo social na imagem de um representante, certo? No fundo, a verdade é que por trás dessa "famosa" palavra, entendemos que existem dois principais conceitos: a acessibilidade e a efetividade. O primeiro deles, a acessibilidade, diz respeito a construirmos cada vez mais portas para que um lugar, que há tempos é composto exclusivamente pelo mesmo grupo, seja democratizado e possa ser comum a todas as pessoas sub representadas. E a efetividade, por consequência, é essencial para que a população veja resultados concretos na representação. Afinal, se não nos sentimos representados pelos nossos governantes, podemos passar a questionar a legitimidade das instituições políticas, como afirma a cientista política Beatriz Sanchez. Isto é, sem representação podemos gerar uma crise democrática. Por isso, é somente com a união de muitas vozes que podemos ter uma disputa justa de narrativas na construção de uma sociedade que possa romper com qualquer forma de desigualdade social e de opressões.

Para que isso de fato aconteça no nosso país, precisamos de atores que tentem (o quanto antes) reaproximar a política do cidadão e colocá-lo no centro da tomada de decisão. Para que você, seu vizinho, os nossos pais, entre milhares de outros cidadãos brasileiros, entendam que a representatividade pode começar por vocês, por nós. E que existem caminhos para esse acesso acontecer.

Se você, assim como nós, já teve esse despertar político, temos um convite urgente e especial: que tal decidir o nosso futuro trabalhando nos bastidores da política brasileira? 2022 vai ser um ano com muitas oportunidades para tornarmos a política brasileira mais acessível e representativa.

*Andreia Lira e Júlia Wildner Cunha, são da equipe de Inovação Política da Legisla Brasil.