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Fernanda Magnotta

REPORTAGEM

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EUA alertam em documento que a prioridade é competir contra autocracias

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, durante discurso na Assembleia-Geral da ONU - Reprodução/ONU
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, durante discurso na Assembleia-Geral da ONU Imagem: Reprodução/ONU

Colunista do UOL

15/10/2022 11h18

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Foi publicado nessa última semana, um dos documentos mais importantes para quem acompanha a política externa dos Estados Unidos: a Estratégia de Segurança Nacional (ou NSS - National Security Strategy, em inglês).

Tida como uma das principais fontes para mapear as diretrizes de um governo no campo internacional, o documento é preparado periodicamente pelo Poder Executivo para o Congresso e usualmente lista as principais preocupações de segurança do país, bem como os planos da administração planeja lidar com isso.

Durante a gestão Trump, uma única NSS foi publicada. No material de dezembro de 2017, quatro pilares foram, naquele momento, descritos como prioritários: 1) proteger o povo e o estilo de vida norte-americanos; 2) promover a prosperidade norte-americana; 3) preservar a paz por meio da força; e 4) promover a influencia dos Estados Unidos.

Em contraponto, no documento de 2022, preparado pelo governo Biden-Harris, alguns elementos chamam a atenção. Em primeiro lugar, a NSS fala, no que tange à estrutura do sistema internacional, em uma "era de competição e de desafios compartilhados" e delimita a natureza dessa competição como sendo, antes de tudo, "entre democracias e autocracias".

Sob a ótica do governo norte-americano, portanto, a ação deve ser direcionada, segundo o documento, em pelo menos 3 frentes: 1) investir nas próprias capacidades para manter a competitividade internacional, que passa pelo fortalecimento da democracia e modernização industrial; 2) utilizar a diplomacia para construir coalizões fortes mundo afora; 3) atualizar e fortalecer o poderio militar do país.

O documento também pontua especificamente como prioridades "superar a China" e "restringir a Rússia", e a preocupação com desafios transnacionais como segurança climática e energética, pandemias e biodefesa, insegurança alimentar, controle de armas e não-proliferação, além do terrorismo.

O cuidado para manter a liderança do ponto de vista da ordem global também está presente a todo tempo no documento, que chama a atenção para investimentos em tecnologia quando o assunto é moldar as "regras do jogo", seja em matéria de cybersegurança ou em termos de comércio.

Ler a NSS do governo Biden-Harris faz saltar aos olhos duas percepções fundamentais sobre os tempos que estamos vivendo no mundo:

1) os Estados Unidos reconhecem abertamente que não reúnem mais as capacidades para liderar sozinhos, mas não estão dispostos a admitir a narrativa do declínio hegemônico —para lidar com essa realidade identificaram na palavra "modernização" uma chave importante;

2) está cada vez mais difícil dissociar a esfera doméstica da esfera internacional - a relação é simbiótica e os grandes desafios de segurança nacional, acreditem, começam dentro de casa.

Para ler o documento, em inglês: https://www.whitehouse.gov/wp-content/uploads/2022/10/Biden-Harris-Administrations-National-Security-Strategy-10.2022.pdf