Fernanda Magnotta

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Opinião

Três fatores para monitorar no mundo de 2024

O ano que acaba de se iniciar promete ser de agitação no campo internacional. Para quem deseja analisá-lo e compreendê-lo muito além da superfície, mirando em aspectos profundamente estruturais do sistema em transição que atravessamos, a recomendação é não tirar os olhos de movimentos que ocorrerão em 03 frentes específicas: democracia, demografia e tecnologia.

Democracia

Mundo afora, haverá mais de 70 eleições em 2024, o que envolve mais de metade da população do planeta. Entre elas, disputas sensíveis, como as que ocorrem nos Estados Unidos, na Rússia, na Venezuela, em Taiwan e no Parlamento Europeu, por exemplo. Essas eleições, em particular, são importantes porque funcionarão como termômetro para que possamos mensurar o peso que ainda tem o populismo, o nacionalismo e o personalismo político em países centrais.

Também servem para que avaliemos os desafios que esse sistema político enfrenta em matéria de representatividade em diferentes regiões, e qual será o papel dos partidos, bem como a força das instituições, diante de eventuais adversidades. O tenso relacionamento sino-americano e o futuro de conflitos de grande proporção, como é o caso das guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, e, por consequência, a estabilidade global, sofrerão severos impactos a depender do desfecho de algumas dessas eleições.

Demografia

Analisar demografia é essencial para entender a composição e as necessidades da população global. É dessa forma que governos e organizações tomam decisões informadas sobre políticas e alocação de recursos. 2024 se apresenta como palco de várias mudanças já em curso.

As diversas transformações das últimas décadas trazem uma nova realidade em termos de natalidade, mortalidade e expectativa de vida, para dizer o mínimo. O mundo nunca esteve tão envelhecido, o que gera alterações nos padrões de renda e pressão sobre os planos de previdência e os sistemas de saúde em diversos locais. O mundo também esgarça os limites da desigualdade, com problemas que vão da fome à segurança pública.

Além disso, o aumento da população mundial leva à necessidade de se criar estratégias de longo prazo para lidar com o abastecimento de água, de alimentos e de energia, sem contar a crise de infraestrutura que também se aprofunda. Tudo isso pressiona a provisão de serviços públicos em vários países e permite prospectar que os níveis de dívida global devem crescer ainda mais no decorrer de 2024.

Por fim, não se pode ignorar o peso das ideias e crenças, que seguem se antagonizando nesse mundo em transformação, seja nos já conhecidos embates entre progressistas e conservadores, que se agravam, ou em outros tipos de "guerras culturais", que refletem transformações no campo religioso, identitário, e dos costumes durante esse século.

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Tecnologia

Analisar desdobramentos no campo da tecnologia em 2024 também será crucial para antecipar tendências e impactos sociais. Esse é um passo chave para que pessoas, empresas e governos possam se adaptar às novas realidades, seja para garantir a própria sobrevivência, o aumento da competitividade ou ganhos de eficiência, a depender de qual tipo de ator estamos nos referindo.

Em 2024 se multiplicarão, e serão ainda mais tensas, as disputas por exploração de matéria prima, incluindo minerais sensíveis, que podem desembocar em uma corrida por inovação e mercados. Também seguirão havendo avanços no campo da inteligência artificial, o que produz não apenas um óbvio impacto sobre o mercado de trabalho, mas também a necessidade de readequar o modus operandi no mundo em várias frentes. Finalmente, com a vida online crescendo desenfreadamente e em redes cada vez mais complexas, o combate à desinformação e a regulamentação da internet deverão concentrar atenção de governos em boa parte dos países, tema delicado e cercado de paixões e interesses que mesclam as esferas pública e o privada de modo difícil de dissociar.

O convite está feito. Se quiser companhia na jornada, estaremos aqui.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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