Sob crise financeira, ONU apaga luzes, desliga elevadores e raciona limpeza
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Numa crise de liquidez sem precedentes, a ONU começa a tomar medidas emergenciais para evitar uma falência.
Quem percorre os corredores da entidade em Genebra, na Suíça, descobre hoje elevadores fora de serviço, escadas rolantes desligadas, luzes e até mesmo o aquecimento apagado.
Num dos cartazes nos corredores da sede das Nações Unidas, a administração alerta que nem todos os serviços de limpeza estarão funcionando.
A falta de dinheiro sempre permeou a realidade do organismo internacional. Mas questionado por governos populistas e atacado por regimes ditatoriais, a entidade vive alguns de seus dias mais complicados.
Numa carta enviada aos governos de todo o mundo, a organização alertou em setembro que estava prestes a ficar sem liquidez e apelava para que os países fizessem os pagamentos de suas contribuições obrigatórias.
Sem esse dinheiro, salários poderiam ser suspensos, além de interrupções em operações pelo mundo.
Até o início de setembro, o Brasil era o segundo maior devedor da ONU, acumulando pagamentos atrasados no valor de US$ 433,5 milhões para todas as áreas da entidade. Para o orçamento regular, a dívida seria de US$ 143 milhões.
Dados oficiais da secretaria-geral indicam que, nos oito primeiros meses do mandato de Jair Bolsonaro, o Palácio do Planalto não destinou nenhum centavo ao orçamento regular da entidade internacional, apesar de se tratar de uma obrigação. Bolsonaro só é superado pelo governo de Donald Trump no que se refere às dívidas.
Na carta, o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, explicou que a entidade vive sua pior crise de dinheiro na década.
Segundo ele, havia o risco de a liquidez chegar ao final no dia 31 de outubro, com a ONU sendo obrigada a dar um calote em serviços já contratados e mesmo suspendendo o pagamento de funcionários.
De acordo com fontes na entidade, a falência no dia 31 de outubro conseguiu ser evitada, diante do corte radical de gastos e do pagamento feito por alguns países.
Na carta, Guterres lembrava que a contribuição não é uma opção e faz parte das obrigações dos Estados. Segundo ele, um pagamento urgente da dívida é "a única forma de evitar um default que poderia colocar em risco as operações globais".
No total, Estados destinaram US$ 2 bilhões para o orçamento regular da ONU em 2019. Mas o buraco é de US$ 1,3 bilhão.
Alessandra Velucci, diretora de Comunicações da ONU em Genebra, explicou que o drástico corte nos serviços do prédio tinha como objetivo evitar que os cortes também chegassem aos salários.
Além de luz e limpeza, foi determinado que nenhuma reunião ocorreria depois das 18h, para evitar o pagamento de horas extras. O horário de abertura do prédio também mudou, enquanto outros serviços básicos foram suspensos.
A crise, porém, não é de dinheiro. Nos mesmos corredores à meia-luz, embaixadores admitem que a crise é do multilateralismo, atacado por grandes potências. Nesta semana, o governo de Donald Trump anunciou sua saída do Acordo Climático de Paris. E, por horas, a ONU evitou criticar o maior doador de dinheiro da entidade.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.