Em informe, ex-espião diz que Rússia pagou por Copa
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O governo de Vladimir Putin teria pago dirigentes da Fifa para obter os votos para sediar a Copa de 2018. A informação faz parte de um informe de mais de 400 páginas publicadas na noite de segunda-feira pelo Departamento de Justiça, nos EUA, como parte do escândalo envolvendo as relações entre a campanha de Donald Trump e o Kremlin.
Um dos agentes citados no caso do presidente americano, porém, também havia sido pago pelo FBI para reunir informações sobre a Fifa. No centro do caso está o ex-agente secreto britânico Christophe Steele, que deixou seu emprego para vender seus serviços às agências de inteligência. Antes de abrir sua própria empresa de investigação, o britânico trabalhava justamente no setor que se ocupava da Rússia dentro da estrutura de espiões de Londres.
Quem primeiro revelou a existência do ex-agente secreto foi o jornalista americano Ken Bensinger. Em seu livro Cartão Vermelho (Globo Livros), ele da detalhes de como o processo foi iniciado nos EUA. Nesta semana, depois de uma longa polêmica, a editora colocou o livro no mercado. A obra cita, entre dezenas de casos, as acusações apresentadas por testemunhas diante de um tribunal em Nova Iorque de que a Rede Globo também estaria envolvida no pagamento de propinas. A emissora nega.
Agora, os documentos oficiais do FBI confirmam as informações do livro e dão novos detalhes. Um primeiro contato ocorreu em 2010, quando Steele foi apresentado ao FBI. Nos documentos publicados nesta semana, fica claro que o FBI "não teria tido o ímpeto de abrir uma investigação sobre a Fifa em 2010". Teria sido o ex-espião, portanto, quem teria convencido os americanos a iniciar o processo, depois de os apresentar ao jornalista Andrew Jennings, que por anos havia investigado a Fifa.
Em 2011, um ano depois do voto que escolheu a Rússia como sede, Steele entregou um relatório ao FBI em que dizia que um oligarca russo pagou propinas para o presidente da Fifa, para garantir a Copa de 2018. Naquele momento, a entidade era liderada por Joseph Blatter.
No documento, havia um resumo de uma suposta conversa entre o então presidente russo, Dmitry Medvedev e o então primeiro-ministro Vladimir Putin no qual, de acordo com o informe, Putin reconhecia que um oligarca russo pagou propinas ao presidente da Fifa para que a Rússia pudesse ganhar o direito de seriar a Copa do Mundo em 2018.
Em 2012, ele ainda apresentou os agentes do FBI a dois funcionários do governo britânico que confirmaram os esforços dos russos em "pagar propinas a executivos da Fifa".
Três anos depois, Steele voltou a entregar ao FBI um novo informe no qual um funcionário do Kremlin admitiria que pagou propinas. Por seus serviços, o ex-espião recebeu dos americanos um total de US$ 94 mil, o que também incluiria seu trabalho sobre a campanha de Trump.
Steele, porém, jamais foi chamado a testemunhar durante o processo em Nova Iorque que condenou diversos dirigentes esportivos. Na Fifa, ainda que vários dos dirigentes tenham sido punidos, nunca houve um questionamento sobre a realização da Copa na Rússia, em 2018.
A entidade também abriu seu próprio processo de investigação. Mas concluiu que não tinha provas sobre as supostas irregularidades da Rússia. Na época, o Kremlin indicou que os computadores que guardavam as informações sobre a campanha de Moscou para sediar a Copa tinham sido "destruídos".
A informação foi publicada no mesmo dia em que a Rússia foi proibida de participar da Copa de 2022, no Catar, por conta de sua manipulação de testes antidoping. A delegação do Kremlin tampouco poderá estar na Olimpíada de 2020, em Tóquio.
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