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Jamil Chade

Coronavírus: Veja os seis requisitos da OMS para países deixarem quarentena

Pessoas se exercitam na Praça Roosevelt, na região central de São Paulo, na tarde desta Sexta-feira Santa durante quarentena proposta pelo governo do Estado para conter a disseminação da pandemia de coronavírus - NELSON ANTOINE/ESTADÃO CONTEÚDO
Pessoas se exercitam na Praça Roosevelt, na região central de São Paulo, na tarde desta Sexta-feira Santa durante quarentena proposta pelo governo do Estado para conter a disseminação da pandemia de coronavírus Imagem: NELSON ANTOINE/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

13/04/2020 16h06Atualizada em 13/04/2020 17h49

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Em meio a um debate cada vez intenso entre governos sobre como sair da quarentena e retomar a vida em sociedade, a OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou que irá redesenhar sua estratégia de combate ao coronavírus e publicará na terça-feira a sua revisão. A decisão foi tomada no mesmo dia em que a França declarou que sua quarentena durará até o dia 11 de maio.

Na nova estratégia da OMS estará a lista de condições que governos precisam seguir se pretendem começar uma transição à normalidade. Para a agência, quarentenas não podem ser encerradas de um dia para o outro.

"As mortes levam mais tempo para cair. Mas, em alguns países, a transmissão parece estar em queda. O distanciamento físico está tirando a pressão fora da epidemia. Mas agora é hora de vigilância e o caso não está terminado", alertou Ryan. Segundo a OMS, países não podem "trocar a quarentena por nada".

Para garantir a transição segura, a OMS defende que seis critérios sejam respeitados para que uma quarentena seja suspensa:

  1. Transmissão controlada
  2. Sistema de saúde capaz de testar e isolar casos
  3. Minimizar surtos em casas de repouso
  4. Administrar importação de casos
  5. Engajamento da comunidade
  6. Prevenção no trabalho e escolas

O ponto central é a capacidade de um país de localizar o vírus. De acordo com Ryan, as restrições existem hoje justamente por não se saber onde está o vírus. "O único jeito (de fazer uma transição) é encontra-lo e isso só se faz testando", afirmou.

Na avaliação da agência, só mesmo a vacina dará um fim à crise. Mas a entidade sabe que o mundo não pode esperar até 2021.

O primeiro deles é ter sinais de que a transmissão está sob controle. Em segundo lugar, sistemas de saúde precisam estar preparados para testar, isolar e tratar todos os pacientes.

Outro critério é a capacidade de minimizar o surto em residências que abrigam idosos ou doentes, além de medidas de prevenção em escolas e outros locais essenciais. Isso significa manter leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) acima do que existia antes da pandemia, proteção aos médicos e outras medidas.

O quinto critério é o de conseguir administrar a importação de casos. A lista ainda inclui a construção de comunidades educadas para viver a nova norma.

Para Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da agência, a decisão de um país de sair da quarentena ou colocá-la precisa ser tomada com base na proteção de saúde humana e guiada por como vírus se comporta. "O controle deve ser retirado lentamente. Não pode ocorrer de uma vez", disse.

Um dos motivos para o cuidado é a constatação da OMS de que a proliferação do vírus tem sido rápida e que a mortalidade é dez vezes superior às taxas do surto em 2009. "Em alguns países, os números dobram a cada três dias", disse. "Ela desacelera mais lentamente. A saída é muito mais lenta", alertou.

Mudança de comportamento

Na avaliação da OMS, o fim da quarentena terá de vir acompanhada ainda por uma mudança no comportamento das sociedades por meses ou até anos. Uma das possibilidades é de que o distanciamento físico seja mantido por um "longo tempo", ainda que o comércio volte a funcionar.

"Teremos de ter um sistema de saúde forte e comunidades engajadas. Esse é o único substituto à quarentena", disse Ryan.