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OMS: América do Sul precisa de ciência e governo responsável contra o vírus

Cemitério da Vila Formosa, em São Paulo-SP, abre dezenas de covas para receber vítimas de covid-19 - Suamy Beydoun/AGIF
Cemitério da Vila Formosa, em São Paulo-SP, abre dezenas de covas para receber vítimas de covid-19 Imagem: Suamy Beydoun/AGIF

Colunista do UOL

03/06/2020 14h17

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Resumo da notícia

  • OMS diz que medidas de distanciamento social apenas podem ser retiradas quando progressos forem registrados no controle da pandemia

A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que os países da América do Sul precisarão adotar uma resposta com base na ciência, comunicação clara, governos responsáveis e políticas consistentes para conseguir sair da crise da covid-19. Hoje, a região é o novo epicentro da crise global.

Para agências, medidas de distanciamento social apenas podem ser retiradas quando progressos forem registrados no controle da pandemia. Na avaliação da OMS, tais medidas precisam estar em vigor "o tempo que for necessário".

Em sua coletiva de imprensa nesta quarta-feira, Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, afirmou que está "especialmente preocupado" com a "transmissão que se acelera" na América do Sul e Central. Segundo ele, com mais de cem mil casos por dia nos últimos cinco dias, as Américas têm os maiores números de casos. A cada dia, a região soma mais casos que todos os demais países do mundo, juntos.

Michael Ryan, chefe de operações da OMS, Brasil e Peru continuam vendo uma "intensa transmissão". Nos últimos sete dias, o Brasil foi o país que mais registrou novos casos e novas mortes.

Segundo ele, uma vez que a transmissão intensa está instalada - como no caso de Peru e Brasil - frear a tendência é um "trabalho difícil". Com base em países que tiveram êxito, ele alerta que não haverá uma só medida que conseguirá lidar com a crise. Mas sim um pacote de ações.

Isso inclui uma "coordenação forte" entre governos, o engajamento de toda a sociedade e educação.

Ryan também recomenda que governos, para atingir tais metas, sejam "claros em sua comunicação" e que decisões sejam "guiadas pela ciência e evidência".

A OMS apontou que os países que conseguiram controlar a doença apenas o fizeram ao saber onde o vírus estava. Para isso, porém, é necessário uma atenção especial em testes.

Na avaliação de Ryan, tal pacote apenas pode ser retirado, com a abertura das economias, quando governos identificarem progressos reais no controle do vírus.

Governos responsáveis

"Falamos o mesmo para a Europa. A epidemia se desenvolveu de formas diferentes pelo mundo. Mas o que foi comum foi a transmissão comunitária intensa. Uma vez enraizada, é difícil tira-la", afirmou Ryan.

"É preciso uma ampla estratégia. Não apenas medidas sociais. Mas ter comunidade envolvida, coordenação forte no governo, toda a sociedade envolvida. Exige compromisso permanente", disse. Segundo ele, mesmo com tudo isso, o vírus mostrou que pode causar enormes danos.

Para ele, a "habilidade de implementar pacote de medidas é o que permite um país controlar a doença e retirar as medidas".

"Aqueles que tiveram êxito foram os que adotaram todas as medidas. Educação de comunidades, foram claros, resposta dirigida pela ciência, monitoramento e só retiraram as medidas sociais quando tiveram progresso", afirmou Ryan.

Êxito, em sua avaliação, ocorre quando o pacote de ações é "implementado por governos responsáveis pelo tempo que for necessário para parar o vírus".

"Não há receita absoluta, ou algoritmo", apontou, sugerindo persistência e consistência aos governos.
Ele, porém, aponta que existem diferenças entre os países da região. As ilhas do Caribe, por exemplo, teriam se saído bem. Mas ele não esconde sua preocupação com o Haiti, onde os casos estão se acelerando. Nicarágua também é outro foco de atenção.