OMS: Reabrir escolas em locais de transmissão intensa será "difícil"
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que reabrir escolas em locais onde a transmissão do vírus é intensa será uma tarefa "difícil". A entidade, nesta quarta-feira, deixou claro que sabe da importância de retomar aulas e permitir que as crianças voltem aos estabelecimentos de ensino.
Mas, segundo o chefe de operações da entidade, Mike Ryan, tal retorno precisa ocorrer "da forma mais segura possível". O irlandês não acredita que testar crianças seja a resposta. Para ele, o centro da estratégia deve ser a de reduzir a transmissão nos locais onde escolas serão reabertas.
"Escolas são parte da comunidade", disse. "As taxas precisam cair na comunidade. É difícil trazer (a escola) de volta quando há transmissão intensa", afirmou.
Ryan destacou como, em alguns locais, escolas têm sido criativas em suas soluções, reduzindo o número de crianças por professor, separando as mesas e instalado locais para lavar as mãos. Segundo ele, as escolas precisam de um plano para identificar casos suspeitos e saber o que fazer nessas situações. "Esse é um momento de preocupação para os pais", disse.
O representante da OMS voltou a destacar como são as escolas em locais mais pobres - e portanto com maior risco de transmissão - que mais sofrem com a falta de recursos para que possam se preparar para uma retomada das aulas. "Mais uma vez, são os mais pobres e excluídos os que estarão sob maior risco", lamentou.
De acordo com a diretora técnica da OMS, Maria van Kerkhove, um pessoa pode manter o vírus em seu corpo por um "longo tempo" e estudos ainda estão tentando determinar essa presença.
Foco nos próximos seis meses: testar, rastrear e isolar
Diante desse cenário, tanto ela como Ryan insistem que o foco de governos em todo o mundo para os próximos seis meses é investir em testes e rastreamento. Caso contrário, novos confinamentos podem ter de ser declarados.
"O centro da estratégia para os próximos seis meses no controle da doença: dar mais atenção para testar, identificar caso, identificar os contatos e pedir quarentena dessas pessoas", explicou Ryan .
"Se isso for adotado, reduziríamos o número de casos e é a fraqueza desse sistema que está causando problemas", alertou. Para ele, governos não estão comprometidos suficientemente com estratégia.
"Estamos diante de uma escolha difícil: ou teremos um novo salto da doença e vamos para novos lockdowns - o que sabemos que não é a forma mais eficiente - ou optamos por testar e isolar as pessoas identificadas", disse.
Segundo ele, o comportamento da sociedade de voltar a se abrir e não seguir recomendações tampouco tem ajudado. "Há um mix muito perigoso e estamos vendo isso ocorrer em alguns países", alertou.
Na avaliação de Ryan, governos não têm realizado investimentos suficientes em testes e isolamento. "
"Estão sangrando trilhões em incentivos para a economia. Mas não investimos suficientemente na arquitetura para testar e isola pessoas", lamentou. "Há uma escolha a ser feita aqui. Se não investirmos, veremos novos confinamentos", declarou.
Sua avaliação é de que a atual pandemia expôs profundas injustiças sociais. Mas alertou que, pelo mundo, essa é realidade de outras sociedades que, por anos, tiveram de lidar com outras doenças. "Essa é mais cruel e mais brutal, pois é visto em todos os lugares do mundo. Mas outros experimentam isso há décadas e não damos a mínima, pois ocorre longe de nós", disse.
"Precisamos colocar um fim a isso. Precisamos um novo mundo", completou.
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