OMS: acordo isolado de países com farmacêuticas dificulta fim da pandemia
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Resumo da notícia
- Aliança mundial de vacinas tem nesta quinta-feira seu primeiro encontro.
- Brasil fará parte do conselho da aliança, com ministro Eduardo Pazuello
A OMS usa a primeira reunião do conselho da aliança mundial de vacinas para fazer um alerta: iniciativas bilaterais de governos em acordos com a indústria farmacêutica podem dificultar o fim da pandemia. Um desses acordos foi estabelecido pelo Brasil com a AstraZeneca.
A crítica ao "nacionalismo" foi feita pelo diretor da entidade, Tedros Ghebreyesus, que apontou que a aliança mundial conta hoje com menos de 10% do dinheiro que precisa para garantir a distribuição do futuro produto em todas as partes do mundo.
A avaliação da OMS é de que, ao estabelecer acordos bilaterais, países com recursos podem garantir a vacinação para uma parte de sua população. Mas criam obstáculos para um plano global de produção.
Para a entidade, a pandemia apenas chegará ao fim quando todos estiverem protegidos. Caso contrário, a ameaça continuará a existir.
Tedros indicou que a velocidade no desenvolvimento de produtos é "testamento do avanço da ciência". Mas ele aponta que seus benefícios não ocorrerão se não houver um aumento de dinheiro e um compromisso de agir de forma global.
"Acordos bilaterais e o nacionalismo podem impedir avanço para terminar pandemia", disse. "O desafio é monumental", insistiu.
Brasil faz parte do Conselho
A aliança foi criada em abril e, agora, uma estrutura formal foi estabelecida. O Brasil foi convidado para fazer parte do conselho do grupo, ao lado de outros 24 países. O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa e a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg vão coordenar os trabalho. Para a escandinava, a falta de recursos é "enorme" para que a aliança possa funcionar.
Vacina não é panaceia, diz chefe da ONU
Antônio Guterres, secretário-geral da ONU, usou o evento ainda para alertar que a maior ameaça à segurança mundial é o vírus. Mas ele alertou que governos precisam agir com medidas de saúde."Muitos têm esperança na vacina. Mas vamos ser claros: não existem panaceias nessa crise", disse. "Sozinha, a vacina não pode resolver essa crise, certamente não no curto prazo", disse.
Seguindo o mesmo recado de Tedros, o chefe da ONU alertou que o mundo encara hoje "uma escolha política importante": o aumento de recursos para a cooperação global.
Guterres indicou que, até agora, a aliança recebeu menos de US$ 3 bilhões. "Mas precisamos agora de US$ 35 bilhões a mais", disse. Nos próximos três meses, serão necessários US$ 15 bilhões. Caso contrário, a janela de oportunidade para lidar com a pandemia vai se fechar.
O chefe da ONU ainda criticou o nacionalismo e alertou que tais acordos bilaterais serão contraproducente, inclusive para aqueles que adotam tais posturas.
Segundo ele, há uma proliferação de acordos bilaterais. "Precisamos superar a tendência preocupante de iniciativas paralelas e esforços com focos nacionais", disse. Para Guterres, isso "mina a resposta global".
"Ou ficamos juntos, ou estaremos condenados e nos desfaremos", alertou.
Guterres ainda indicou sua preocupação com a desconfiança de parte da população para tomar vacinas, abrindo espaço para teorias da conspiração.
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