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França adota plano para reduzir dependência em relação à soja brasileira

Fronteira entre área de cultivo de soja e a floresta amazônica em Mato Grosso - Paulo Whitaker
Fronteira entre área de cultivo de soja e a floresta amazônica em Mato Grosso Imagem: Paulo Whitaker

Colunista do UOL

01/12/2020 17h29

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Um dia depois de os dados revelarem um aumento recorde do desmatamento, o Brasil sofre mais um golpe no exterior contra seus interesses. Nesta terça-feira, o governo francês anunciou a intenção de iniciar um programa de desenvolvimento agrário que permita que o país europeu possa reduzir sua dependência da soja importada, principalmente do Brasil.

Hoje, a França importa 3,3 milhões de toneladas de soja por ano, principalmente do Brasil e dos EUA. Ao apresentar o projeto, o Ministro da Agricultura, Julien Denormandie, insistiu que havia chegado o momento de o país criar seu próprio plano de abastecimento de proteínas e de acabar com a "importação de desmatamento".

Ao longo dos últimos dois anos, Paris e Brasília trocaram provocações e ofensas, em parte por conta dos temas climáticos. Se Emmanuel Macron foi um dos principais motores do processo que freou o acordo entre Mercosul-UE, o argumento do Itamaraty é de que os temas ambientais são apenas manipulados pelos franceses para minar um tratado que abriria maiores possibilidades de exportações agrícolas do bloco sul-americano.

Além disso, o governo sustenta que a produção e exportação de soja não é a responsável pelo desmatamento.

Ainda assim, além de rejeitar o tratado comercial, os franceses agora deixaram claro que, com fontes alternativas de proteína, a meta é a de duplicar a área agrícola dedicada a tais atividades até 2030. Isso permitiria reduzir a importação de soja.

Nos próximos três anos, a meta é a de aumentar a área plantada com leguminosas em 40%. Na prática, isso significaria 400 mil hectares extras. "Este plano é a base que falta para restaurar nossa soberania alimentar", disse o ministro da Agricultura, Julien Denormandie, numa coletiva de imprensa.

O projeto, porém, envolverá 100 milhões de euros para recuperar áreas para o cultivo, alémde recursos para pesquisa de sementes.