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Jamil Chade

Covid-19 deverá ser endêmica, prevê produtora de vacina da Pfizer

Novo coronavírus deve continuar circulando e infectando pessoas, mas de forma controlada, graças a vacinas, prevê fabricante - NIAD/NIH
Novo coronavírus deve continuar circulando e infectando pessoas, mas de forma controlada, graças a vacinas, prevê fabricante Imagem: NIAD/NIH

Colunista do UOL

12/01/2021 04h00

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Um ano depois do surto que se transformou na pior pandemia em cem anos, cientistas admitem que o vírus da covid-19 poderá ser endêmico e passará a conviver com a humanidade, como outras doenças que circulam pelo planeta. Uma ação contra o vírus o levaria a um controle, mas o cenário mais provável é que sua erradicação passe a ser um sonho distante.

O alerta foi dado nesta semana pelo proprietário da BioNTech, o laboratório na Alemanha que desenvolveu a primeira vacina aplicada contra a covid-19, em parceria com a Pfizer.

Ugur Sahin, criador do laboratório, fez a constatação em uma apresentação a investidores e especialistas do mundo das ciências. Num dos momentos do encontro, um slide que ele mostraria diz claramente: "Covid-19 provavelmente se tornará uma doença endêmica".

Se a frase num evento com investidores e a comunidade científica poderia dar a impressão de ser uma operação para convencer parceiros a comprar a vacina ou ações da empresa, a constatação do caráter endêmico encontra apoio dentro da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Em reuniões fechadas da agência, algumas das vozes mais importantes da organização defendem que a instituição seja transparente sobre esse ser um dos cenários mais prováveis. Outros, porém, alertam que fazer tal declaração poderia dar uma mensagem de que não há como se desfazer a doença e que, portanto, a única maneira é conviver com ela.

Esse caminho, porém, abriria por sua vez uma brecha para uma maior complacência por parte da sociedade e, como resultado, uma explosão no número de mortes.

Com vírus endêmico, é possível controlar, mas difícil tirá-lo de circulação

A OMS usa exemplos como o da Nova Zelândia, Vietnã ou Singapura, onde governos e sociedade conseguiram abafar o vírus, sem sequer contar com a vacina. Para a entidade, esses são casos que mostrariam como a doença pode ser controlada.

De todas as formas, a realidade é que a entidade deixou há meses de falar em uma erradicação da doença e hoje tem como cenário mais provável um "controle" da pandemia ao final de 2021 e início de 2022.

Num primeiro momento, as campanhas de vacinação permitiriam reduzir o número de mortos, principalmente nos grupos mais vulneráveis. Mas o vírus continuaria a circular.

Numa segunda etapa da vacinação e com o produto já disponível para um maior número de pessoas, a meta é a de conseguir que a curva de contaminações também caia de forma importante.

Máscara e distanciamento devem continuar até 2022, diz OMS

A OMS, porém, alertou nesta semana que o mundo não deve esperar que uma imunidade de rebanho seja atingida contra a covid-19 em 2021. De acordo com a entidade, isso significa que medidas de restrição, distanciamento e máscaras devem continuar a ser a norma durante todo o ano.

A imunidade de rebanho é atingida quando pelo menos 70% de uma população fica protegida de um vírus. Hoje, nem 10% da população mundial foi contaminada pela covid-19 e, diante dos gargalos na produção de vacinas, uma imunização de bilhões de pessoas dificilmente ocorrerá imediatamente.

Nos próximos dias, o mundo deve atingir 100 milhões de casos da covid-19 e quase 2 milhões de mortes. O que ainda assusta a comunidade científica é que, quanto mais o vírus circula, maiores são as chances de mutações.

De acordo com as empresas e com a OMS, as variações encontradas até agora não significam que o vírus seja mais severo, ainda que ele transmita a doença de forma mais rápida. A agência e laboratórios também têm garantido que as vacinas testadas até agora são eficazes contra as atuais mutações.

Mas, no setor científico, a ordem é a de continuar a sequenciar o vírus em diferentes partes do mundo para evitar surpresas e conseguir identificar o mais cedo possível qualquer transformação mais substancial.