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Araújo cita sigla romana usada por movimento neofascista e causa mal-estar
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Não foi apenas o gesto de Filipe Martins, assessoria internacional da presidência, que gerou desconforto entre diplomatas brasileiros. Em sua audiência no Senado, na semana passada, o chanceler Ernesto Araújo causou um profundo mal-estar entre diplomatas ao citar a sigla SPQR.
Trata-se da abreviação de Senatus Populusque Romanus. Ou simplesmente "Senado e o Povo de Roma", usado durante o auge do império romano e replicado em moedas, símbolos e mesmo em edifício daquele momento.
O que chamou a atenção no Itamaraty é que o uso da sigla tem sido também um recurso adotado pela extrema-direita e movimentos neofascistas, inclusive nos EUA e outros países europeus.
A apropriação foi alvo de estudos que demonstraram a relação entre a sigla e a ideia da pureza racial e cultural, associada ainda ao poder militar. Em alguns locais da Itália, grupos de supremacistas brancos e skinheads chegam a ser batizados apenas pelas letras SPQR.
A mesma sigla já fazia parte do arcabouço de propaganda de Mussolini que usou Roma Antiga num esforço para promover a unidade italiana. Passaria a ser frequente o uso das letras SPQR nas campanhas do ditador.
Nos EUA, mais recentemente, o Southern Poverty Law Center (SPLC) incluiu bandeiras com a sigla romana como um dos sinais da simbologia de grupos que promovem o ódio. O mesmo símbolo aparece em sites anti-imigrantes e ligados aos movimentos supremacistas.
Araújo: símbolo da união entre o estado e o povo
Em sua audiência, Araújo explicou que "gostaria de começar com uma breve referência histórica, que tem a ver com o que estamos vivendo hoje no Brasil". Referindo-se às aulas que teve de latim, apontou para a sigla SPQR.
Segundo ele, a sigla significa a união do estado e do povo. "Isso faz parte de nossa tradição, de nossa traficar republicana", disse.
Araújo ainda lembrou que, nas legiões romanas, a sigla também vinha acompanhada por uma águia, uma loba ou um javali, que representavam a "identificação mais profunda".
Mas, dentro do Itamaraty, a explicação não convenceu. Procurada pela coluna, a chancelaria não respondeu até o momento o pedido de esclarecimento sobre o uso das referências.
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